A premiação da incompetência

Por Tiago Silveira Machado

Você já foi convidado para alguma reunião, com data e hora definidas e quando você chega no horário marcado o organizador diz: Vamos esperar mais um pouco para começar, porque o pessoal é atrasado mesmo... Outra situação semelhante é quando afirmam: Vamos marcar seis e meia, porque começa às sete.

Já parou para pensar que faz parte da nossa cultura favorecermos os não seguem as regras? Sempre é dada uma nova chance para quem não entregou no dia,  são oferecidos descontos de até 90% nos juros de quem não pagou na data certa, sempre é dada mais uma tolerância para quem não chega na hora, o que nos mostra em outras palavras que: PREMIAMOS OS INCOMPETENTES.

Dias atrás estava em mais uma discussão, onde a temática era a falta de interesse dos alunos em participarem das aulas e entregarem as atividades, onde as justificativas estão sempre associadas aos argumentos ligados as desigualdades sociais, picos de ansiedade e depressão vinculadas ao período pandêmico, além de questões correlatas que não podem ser negadas quanto a sua existência, mas a conclusão inegável que se chega é que a grande maioria não está interessada.

Vivemos em uma época em tudo está à distância de um toque na tela do celular, sendo apresentada na velocidade do Wifi ou dos dados móveis. E quando as pessoas se deparam com situações que irão demorar mais do que quinze ou trinta segundos, elas simplesmente já não estão interessadas. Assim, na tentativa de chamar a atenção, de buscar minimizar as perdas da falta de interesse, as medidas paliativas as apresentadas no início deste texto são sugeridas como meio para buscar maior engajamento.

Com isso, entramos em um looping de querer entender, incluir e agregar quem não quer. Desse modo, os interessados são presenteados com a espera pelos desinteressados, os comprometidos são afrontados com novos prazos para os que não tem compromisso algum, e diante desta confusão social nos perdemos, por não conseguir diferenciar o certo do errado, o interesse do desprezo e a competência da mediocridade.

No dia em que começarmos as reuniões na hora, reprovarmos que acha que sempre vai ter mais uma chance, poderemos começar a sonhar com uma realidade pautada no compromisso, no esforço e na dedicação de quem está interessado em fazer mais do que o mínimo para não ser mais um incompetente no meio da multidão.

Autor: Tiago Silveira Machado, Prof. Assistente Da UPE Salgueiro, Eng. De Produção Mecânica, Mestre em Engenharia de Produção, Doutorando em Engenharia Mecânica pela Universidade Federal da Paraíba.

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artigo
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Thiago Lima

Thiago de Lima Silva, natural de Salgueiro-PE, tem 31 anos. Iniciou no Rádio aos 17 anos de idade.

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