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Coluna semanal!

Primeira semana de campanha eleitoral explícita. Agora, não é mais o pré-candidato à frente, é meu prefeito, meu vereador, meu amigo, meu irmão... A campanha já está intensa: adesivação de carros, paredão de som, motos acelerando, jingles sendo tocados, curtidos, comentados, compartilhados e repostados.

Desde sexta-feira, tenho me deparado com bandeiras colocadas nas principais praças e vias da cidade. Elas surgem e, aos poucos, desaparecem. Enquanto sumiam, eu me perguntava: será que é a oposição que as está retirando? Na verdade, ontem desvendei esse mistério. Os meninos de bicicleta estão pegando as bandeiras para desfilar com elas, mostrando que, embora não votem, estão exercendo sua cidadania, escolhendo um lado para torcer e gritar.

Esse engajamento juvenil, além de reforçar que os meninos estão sempre inventando moda, me fez lembrar de um ditado popular que diz: "A voz do povo é a voz de Deus." Será mesmo? De quem era a voz que gritava: "Crucifica-o!"? Isso mesmo, meus amigos, era a voz do povo.

A arte de classificar é a arte de invisibilizar. E, neste momento, tudo é o povo, e assim, o povo não tem nome, vez, nem voz. O candidato fala em nome do povo: "Falo porque o povo precisa, o povo pede, o povo está comigo." Mas quem é esse povo? A resposta mais demagógica seria: "O povo é o povo."

Nelson Rodrigues, um dos mais famosos dramaturgos e cronistas brasileiros, certa vez afirmou: "Toda unanimidade é burra." Ele refletia sobre a falta de pensamento crítico em nossa sociedade, especialmente quando buscamos soluções simples para problemas complexos. Será essa a realidade que vivemos atualmente?

Não pretendo falar sobre política toda semana, mas, neste momento, em vez de nos enxergarmos apenas como "o povo", devemos nos ver como indivíduos: você, sua família, seus vizinhos, seu bairro e sua cidade. O que foi feito nos últimos três anos e meio? Lembra da época da pandemia? As coisas melhoraram ou pioraram? Melhoraram tanto quanto deveriam? Pioraram tanto quanto se esperava?

O crucificado citado no começo deste post certa vez disse: "Quem não ajunta, espalha." Após este mandato, quem ajuntou? Quem espalhou? Como bons brasileiros, não gostamos de futebol, gostamos de ganhar. E acabamos transferindo esse mesmo sentimento para a política. Neste momento de exercer nossa cidadania, não se coloque apenas como mais um que quer estar ao lado da vitória, mas como alguém que entende qual bandeira deseja levantar, e qual número confirmar.

Author
Professor Tiago Machado

Tiago Silveira Machado, Eng. de Produção Mecânica, com Mestrado em Eng. de Produção e cursando doutorado em Ecologia Humana e Gestão Socioambiental. Trabalhando como Professor da Universidade de Pernambuco - Campus Salgueiro.

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