Artigo: Brasil, o país que abraça a diversidade ou que dá palco para o fortalecimento do racismo e xenofobia?

Por Werverton da Silva Santos – Aluno do 6º período do Curso de Tecnologia em alimentos do IFSertão Campus Salgueiro

Agredido com socos, chutes pauladas porque, de acordo com depoimentos da família, reivindicava dois dias pendentes de remuneração no quiosque onde trabalhava, na orla da Barra da Tijuca. Moïse Kabamgabe, 25 anos, encontrou a morte no país que sua mãe

escolheu para criar os filhos, de modo afastá-los da instabilidade violenta do Congo. Um caso no qual racismo e xenofobia se mistura a uma barbaridade que tem raízes profundas em nossa história.

Com muitos refugiados em nosso país, o Brasil é o país da América Latina que mais recebe solicitações de acolhida de estrangeiros que estão tentando fugir e reconstruir vida no Brasil. Segundo dados do Ministério da Justiça, apontam que mais de 239 mil pessoas pediram solicitação de refúgio no Brasil, entre 2011 e 2019. A maioria é de nacionalidade venezuelana, síria e congolesa. Muitos desses refugiados – levando pela definição clássica de refugiado é “o imigrante (que sofre de) fundado terror de perseguição por motivos de raça, religião, crise humanitária, fome generalizada, perda de renda, ausência de acesso a medicamentos, nacionalidade, grupo social ou opinião politicas” – chegaram ao Brasil utilizando de alternativas de imigração clandestina, ilegal. Muitos em casos de perseguição em países vizinhos, atravessam a fronteira, outros, optam por alternativas mais extremas e de urgência, como arriscam suas vidas em pequenas embarcações lotadas, sem os mínimos requisitos de segurança, por traficantes de pessoas, pagando um valor altíssimo por pessoal, atravessam o oceano em situação de total perigo. Sem botes reservas, colete salva-vidas e principalmente, sem mantimentos para se nutrir e aguentar chegar ao seu local de destino. Chegando em terras brasileiras, é encarado outro desafio, o firmamento de conseguir se estabelecer financeiramente de forma formal no mercado de trabalho. Onde é encarado conflitos de racismo e xenofobia durante o processo de busca e contratação. Além do que, muitos dos imigrantes não têm acessos à regularização das suas documentações. Sem documentação não conseguem acesso ao trabalho, saúde ou assistência social.

 

Olhando para esse lado também, muitos se mantem pela alternativa de conseguir se encaixar no mercado de trabalho de forma informal, ambulante. Esses grupos sem regularização formal de suas documentações, encontram no trabalho ambulante – que ao mesmo tempo é peça, símbolo cultural da diversidade brasileira - a saída para se sustentar economicamente e, com um novo desafio que surgiu há dois anos, - a pandemia – se tornam alvos de mais uma politica de invisibilização e retirada de direitos. Pois o trabalho de vendedores ambulantes depende da circulação, da mobilidade urbana e do uso das ruas, praias e praças publicas. Tendo uma fonte de renda de forma informal, torna o ambulante a ter dias de mais dificuldades no seu cotidiano, então, nasce o ponto de busca de outras alternativas, - “bicos” - para poder suprir o valor da renda que não conseguiu em um dia que não foi produtivo ou que foi violentado pela abordagem da policia. Recorrendo a outros meio de sustento, muitos optam por serviços de meio período ou diária sem assinatura de carteira, o que torna inserto o recebimento pelo trabalho realizado, exemplo como o ocorrido com o congolês Moïse citado no inicio dessa reflexão. Um jovem refugiado, que trabalhava de forma ambulante, sem direitos assinados que sofre um novo tipo de linchamento. Linchamento novo, pelo descabimento do motivo – não foi por que Moïse foi suspeito ou cometeu crime de ódio ou contra alguém indefeso, sofreu linchamento por cobrar seus direitos salariais -, que nos trás grandes preocupações futura.

Essa descriminação por ser imigrante já é terrível, o acúmulo de preconceito deixa a situação ainda pior. Esses ocorridos soa como evidencias fortes e alarmantes de atraso social, analisando a recepção com qual vem ocorrendo e como a sociedades não repugna a minimização da condição humana que o caso representa.

Encerrando essa reflexão, deixo a fala do sociólogo José de Souza Martins que reflete "o crime de multidão no Brasil, é praticado por gente que tem medo. Medo do que é novo, do que é diferente e de quem é diferente. É crime da ordem sem progresso, da sociedade do medo."

 

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Thiago Lima

Thiago de Lima Silva, natural de Salgueiro-PE, tem 31 anos. Iniciou no Rádio aos 17 anos de idade.

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