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Próximo ao Theatro Cinema Guarany, na cidade de Triunfo, destaca-se uma histórica casa cor de rosa adornada por um jardim que abriga, além das flores, o passado e o presente de um dos principais equipamentos culturais do estado: o Guarany. Nesta casa, lemos o nome DIANA, que parece nos convidar a conhecê-la mais de perto.
Ao entrar na casa, descobrimos um valioso acervo documental e fotográfico sobre o Theatro Cinema Guarany, dedicado à preservação, ao afeto e ao cuidado de uma história centenária. Manter viva a memória de um lugar, preservar e salvaguardar os equipamentos culturais é manter viva a história de uma comunidade inteira. Esta é uma das inspirações e ensinamentos que aprendemos com Diana Rodrigues, homenageada do 15º Festival de Cinema de Triunfo.
Triunfense, professora pós-graduada, historiadora, pesquisadora, produtora cultural, contista, locutora, cerimonialista e artista plástica, Diana Rodrigues é reconhecida como uma das mulheres guardiãs da história do Theatro Cinema Guarany. Publicou livros, antologias, gibis literários e artigos em jornais. Foi Secretária de Turismo e Cultura de Triunfo, sócia de onze Academias de Letras e teve sua casa considerada como patrimônio que preserva a história, a literatura e as artes plásticas do Sertão de Pernambuco pela União Brasileira de Escritores (UBE).
Quando criança e adolescente, vizinha do Theatro Cinema Guarany, visitava com frequência as suas dependências, às vezes ia até de pés descalços para admirar a beleza monumental do prédio, ensaiar ou participar de dramas como atriz, cantora ou dançarina. Também assistia filmes, seriados, shows, festivais, desfiles, bailes, exposições e palestras com fins beneficentes.
Como amiga do Guarany, acompanhou e registrou em fotos e publicações todas as etapas das três restaurações do equipamento. Coordenou, em 2007, a campanha do Theatro Cinema Guarany em busca do título como uma das sete Maravilhas de Pernambuco. Sempre utilizou o espaço do Guarany para palestras, exposições, exibição de filmes e peças teatrais, documentários, grupos de danças e entrevistas.
Tem participado de todos os Festivais de Cinema de Triunfo, desde a primeira edição, integrando algumas vezes o júri oficial ou popular. Em 2014, foi agraciada com o Troféu Careta, graças à sua dedicação e cuidados com o Guarany. Diana Rodrigues já declarou seu amor pelo Guarany em praça pública, recebeu o título de Guardiã do Guarany e o troféu “100 Anos Guarany”, como multiplicadora de conhecimento.
É com grande alegria que reconhecemos e agradecemos o papel fundamental de Diana Rodrigues na preservação cultural do Theatro Cinema Guarany. Sua dedicação promove um elo essencial entre preservação, educação patrimonial e cultura simbólica e artística de Triunfo.
Jéssica Caitano: O sertão vai virar maria.
O sertão vai virar Maria. Ao escutar Jéssica Caitano, nossa imaginação é povoada, como nunca antes, por Sertões Marias. Se pudéssemos dar ao Sertão outros nomes, certamente seu nome seria Sertões Marias. Este lugar, localizado no Pajeú das Flores, realmente nos dá muitas razões para cantar. É neste lugar encantado e fabulado por muitas Marias que nasceu uma das homenageadas do 15º Festival de Cinema de Triunfo, Jéssica Caitano, que vem nos ensinando que nossa geografia viva é permeada por muitas donas Marias.
Jéssica Caitano é filha de Francisca Caitano da Silva, com 72 anos de idade, agricultora triunfense, uma mulher simples que, mesmo sabendo somente assinar o próprio nome, criou os 5 filhos com muita sabedoria e amor. Jéssica é também filha de João Bosco da Silva, com 61 anos, marceneiro com experiência em reformas de patrimônios históricos de Triunfo, como o Theatro Cinema Guarany. Jéssica Caitano é cantora, compositora, poeta-declamadora, rapper, coquista, percussionista, arte-educadora, curadora e produtora cultural. Coordena o grupo de dança e batuque Cambindas de Triunfo e co-fundou a Fundação Cultural Ambrosino Martins e o Festival Munguzá Sonoro. Idealizou o grupo A Cristaleira, projeto de coco e poesia, uma das expressões culturais mais representativas do Sertão do Pajeú.
Com quase 20 anos de carreira, entrelaçando poesia e performance na música. A oralidade é a base de sustentação para expressar a palavra em sua multidisciplinaridade artística. A relação de Jéssica com o audiovisual tem seu início junto ao Festival de Cinema de Triunfo, participando das formações, exibições e debates. Depois com a Oficina de Videoclipe Experimental com Marco Bonachela e Olivia Godoy. Foi Curadora do Cine Pantim e Cine Tamborete, cineclube do Coletivo Pantim e do Festival Munguzá Sonoro. Produziu, dirigiu e atuou nos videoclipes Reza feat Luana Flores e Terra Remix da Radiola Serra Alta feat Ciel Santos, ambos gravados em Triunfo.
Suas músicas estão na trilha sonora de filmes como “Desyrrê”, “Cambinda do Alto Eu Vim”, entre outras produções da cidade. Em 2023, Jéssica Caitano criou a trilha sonora da série “O Canto Delas”, dirigida por Tuca Siqueira. Neste ano, lançou, junto à Dona Marias Produtora, o documentário “É Cantando que eu me Liberto” e o vídeo-poesia experimental “Testando o Tempo Quando o Vento Vem Improvisado”.
Jéssica Caitano é um nome vibrante na cena da música independente, indicada ao prêmio Women’s Music Events Award – WME, na categoria “Escuta as Minas”, pelo Spotify em 2019. Recebeu o Prêmio do Janeiro de Grandes Espetáculos da Copergás de Teatro, Dança, Circo e Música de Pernambuco, em 2021, por sua intensa, inquieta e expressiva atividade artística durante a pandemia. Realizando apresentações, shows, festivais e feiras literárias por todo o país e também no exterior, em países como Inglaterra e França.
Seu discurso poético reivindica o cânone, a retomada da narrativa, temporalidade, oralidade, territorialidade, diversidade, gênero e resistência. Jéssica Caitano é uma artista que sabe de onde vem e para onde vai. Jéssica Caitano reverbera o legado, a fé, a arte e a luta das mulheres sertanejas. Jéssica Caitano nos ensina: o Sertão vai virar Maria.
Teco de Agamenon
O multiartista triunfense Agamenon Gonçalves Lima Filho, conhecido artisticamente como Teco de Agamenon, recebe homenagem especial no 15ª Festival de Cinema de Triunfo. Teco de Agamenon, hoje com 67 anos, desenvolveu diversos trabalhos culturais. Começou no teatro em 1965 e, no mesmo ano, iniciou seu trabalho na criação de máscaras. Em 2010, passou a trabalhar com audiovisual com a Mont Serrat Filmes. Foi premiado em 2012 como melhor ator no Festival de Cinema de Taquaritinga do Norte ao participar do filme “Mais que cinzas”. Além disso, recebeu a premiação de melhor ator no Festival de Cinema de Exu pelo filme “Entre lua a casa é sua”.
Quem conhece Triunfo e sua riqueza cultural, inevitavelmente, encontrou Teco de Agamenon. Seja nas praças, no Theatro Cinema Guarany ou nas exposições artísticas, seu trabalho artístico é um manifesto vivo. Guardião da cultura triunfense e do Patrimônio Imaterial do Estado de Pernambuco, os Caretas, Teco de Agamenon transcende as fronteiras artísticas como artesão, poeta, fazedor de cinema e ator. Teco é, podemos afirmar, guardião da história cultural de Triunfo do Pajeú. Descendente de caboclos, filho de Agamenon Gonçalves Lima e Hermina Correia Araújo, Teco de Agamenon é hoje homenageado por dedicar sua arte, seu trabalho e o seu coração à preservação da cultura e da história de Triunfo. Sua trajetória é a memória viva da cultura material, simbólica e patrimonial de Pernambuco.