Cresce perspectiva de consumo em junho, mas cenário para 2023 é desafiador em Pernambuco

Texto da Assessoria Econômica da Fecomércio-PE

O Índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF) apresentou modesta variação de 0,7% no Brasil, entre maio e junho. Enquanto isso, registrou-se, em Pernambuco, leve variação de 0,4%. No estado, há indícios de melhora associados à avaliação do emprego, da renda, do nível de consumo atual e da perspectiva de consumo.

Em relação ao emprego, 22% dos pernambucanos se sentem mais seguros se comparada a situação vigente àquela do ano passado; 38,2% daqueles com renda superior a 10 salários-mínimos acompanham essa afirmação e 36,3% dos entrevistados com até 10 salários-mínimos se sentem nas mesmas condições. A perspectiva profissional segue bem dividida entre aqueles que acreditam  em uma melhora profissional (34%), em uma piora profissional (33,1%) e aqueles que não sabem (33%). Nota-se que a população com renda mais elevada está mais satisfeita em relação ao emprego, haja vista 51% acreditarem ter boas perspectivas profissionais. Já a insatisfação sobre a perspectiva profissional reflete o índice de desemprego do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que indicou 14,1% da população ativa desempregada, sendo a economia estadual detentora da segunda maior taxa do Brasil.

Normalmente, a população com renda mais elevada tende a apresentar maiores qualificação e escolaridade, o que pode aumentar as chances de conseguir empregos com melhores condições e segurança. Além disso, esse estrato populacional se insere em setores da economia que estão em crescimento e/ou apresentando maior estabilidade, o que amplifica a satisfação quanto ao emprego. Já a população com menor renda tende a estar mais exposta a oscilações do mercado de trabalho, tendo menos acesso a empregos com melhores condições e estabilidade.

Nos últimos meses, tem havido um sentimento positivo em relação à renda, especialmente entre aqueles com salários mais altos. No entanto, é importante destacar o registro dessa percepção também entre a população de menor renda, estrato no qual 24% indicaram uma melhora em sua situação financeira em comparação ao ano passado.

O mesmo não pode ser dito quanto ao acesso ao crédito. Para 40,5% da população com renda acima de 10 salários-mínimos, o acesso ao crédito ficou mais fácil quando cotejado a 2022, enquanto para a população de renda mais baixa, 31,9% acreditam que o acesso ao crédito ficou mais difícil comparado ao ano anterior. Essa é uma situação que pode influenciar perspectivas de compras dos pernambucanos, sobretudo das famílias com poder aquisitivo menos dilatado. Tanto é assim que, em relação ao nível de consumo, a pesquisa revelou que 48,4% das famílias com renda até 10 salários-mínimos estão comprando menos quando comparado ao ano passado, enquanto a população que recebe acima de 10 salários-mínimos indicou que 46,8% estão comprando mais que no ano passado.

Pernambucanos de menor renda têm perspectiva de consumo inferior àquela do ano passado

Em Pernambuco, 42,3% das famílias com renda até 10 salários-mínimos indicaram um consumo menor que no ano passado, enquanto 45,9% das famílias com renda superior a 10 salários-mínimos têm a expectativa de que o consumo seja igual ao do ano passado. A perspectiva de consumo revela não apenas os impactos da desigualdade de renda no Estado nos próximos meses, mas também antecipa um cenário desafiador para as empresas do setor de comércio e serviços.

Para 54% dos pesquisados, este é um mau momento para compra de bens duráveis (televisão, geladeira, fogão, etc). Na faixa de renda mais baixa, é ainda mais predominante essa insatisfação, com 55,4% corroborando a afirmação anterior. Enquanto isso, na faixa de renda mais elevada, 46,4% avaliam que a circunstância é favorável para a aquisição de duráveis. O descontentamento da população de menor renda relativa com a compra de duráveis está ligada às dificuldades de acesso ao crédito, encarecido pela cobrança de elevadas taxas de juros, bem como ao comprometimento de parcela significativa da renda com o endividamento.

Sobre a pesquisa

A Pesquisa de Intenção de Consumo das Famílias (ICF), realizada pela CNC em maio de 2023, apresenta a avaliação dos consumidores em relação a aspectos relevantes para as condições de vida, como emprego e renda, perspectiva profissional e acesso ao crédito. Trata-se de uma importante ferramenta para avaliar a conjuntura econômica e identificar tendências de consumo, auxiliando empresas e governos a planejar suas estratégias de negócios e políticas públicas.

A análise é feita considerando a ótica de otimismo ou pessimismo do consumidor em relação a esses aspectos, indexada a um índice que, abaixo de 100 pontos, indica pessimismo do consumidor em relação à intenção de consumo. Valores acima de 100 pontos indicam otimismo em relação à intenção de consumo. Além de sistematizar os resultados para o Brasil e as Unidades da Federação, a pesquisa distingue resultados para dois grupos de renda: famílias com renda até 10 salários-mínimos e famílias com renda acima de 10 salários-mínimos.

Tags:
pernambuco
Author
Thiago Lima

Thiago de Lima Silva, natural de Salgueiro-PE, tem 31 anos. Iniciou no Rádio aos 17 anos de idade.

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