NEM DAQUI, NEM DE LÁ

Coluna Semanal!

Iniciamos o segundo semestre de 2024, nos despedindo das comemorações juninas e já acelerando o ritmo para as novidades que ainda nos aguardam no restante desse ano. Falando de novidades, nos últimos dias trilhei alguns caminhos que me fizeram refletir sobre as dimensões de nosso país e percebi quantos Brasis temos em um país continental como o nosso Brasil.

Para quem imigrou, como foi o meu caso, ou para quem vive viajando, é possível constatar diferenças entre as regiões, costumes que vão se adaptando de acordo com a região, com base nas influências religiosas, educacionais e tecnológicas que vão moldando cada sociedade.

Recentemente, ouvi uma explicação sobre a evolução da sociedade e uma das correntes teóricas defende que essa evolução não aconteceu de forma linear. Seu desenvolvimento está associado a uma perspectiva multidimensional, onde cada região desenvolve características próprias, possibilitando o desenvolvimento de modelos sociais que fazem sentido para aquele grupo, enquanto grupos similares se debruçam em outras realidades, desenvolvendo novas potencialidades.

O mundo pós-moderno, por sua vez, consegue, através da tecnologia e acesso à informação, aglutinar todas as informações, culturas e costumes e apresentá-las como sendo uma só. Só que, na prática, quando classificamos, nos anulamos.

Quando afirmamos: “O povo brasileiro é muito acolhedor.” Povo? Que povo? 211 milhões de pessoas e queremos definir que todos são acolhedores? Outra afirmativa bastante repetida no último mês foi: “O São João do Nordeste é o melhor que existe.” Mas qual Nordeste?

Num mundo cada vez mais plural, nos acostumamos a ser cada vez menos intolerantes. Os que não se engajam, chamamos de isentões; os que discordam, chamamos de extremistas; os que não se preocupam, chamamos de egoístas; os sofredores, chamamos de vascaínos. E assim vamos atribuindo alcunhas para quem julgamos merecer, sem nos preocupar em entender o porquê de cada questão, posição ou afirmação.

Para os globalistas, sentir-se cidadão do mundo é tão importante quanto se sentir identificado com suas origens, sua terra e seu povo. Assim como os nacionalistas se enxergam, mas o que ainda nos falta é um entendimento que até nós mesmos temos múltiplas identidades versões e realidades que coexistem, formando quem somos.

A verdadeira compreensão da diversidade brasileira – ou de qualquer sociedade – não deve buscar simplificar suas complexidades em um conjunto de rótulos ou estereótipos. Pelo contrário, é necessário apreciar as nuances que compõem o todo, valorizando cada particularidade que faz do Brasil, e do mundo, um mosaico de culturas, histórias e perspectivas.

Encarar essa pluralidade com abertura e curiosidade pode nos conduzir a um diálogo mais rico e à construção de pontes entre as diferentes partes de nosso “país continente”. Entender que, embora possamos compartilhar uma nacionalidade, nossas experiências e valores podem ser vastamente diferentes, e isso não diminui a importância de cada um – ao contrário, fortalece a nossa diversidade.

O desafio, portanto, não é apenas conviver com essas diferenças, mas celebrá-las. Em vez de tentar encaixar todas as particularidades culturais em categorias simplistas, devemos reconhecer a riqueza que cada pedaço do nosso “quebra-cabeça” cultural traz. E, talvez, ao fazer isso, possamos encontrar novas formas de nos conectar e de crescer juntos, respeitando e valorizando nossas múltiplas identidades.

Tags:
opiniao brasil
Author
Professor Tiago Machado

Tiago Silveira Machado, Eng. de Produção Mecânica, com Mestrado em Eng. de Produção e cursando doutorado em Ecologia Humana e Gestão Socioambiental. Trabalhando como Professor da Universidade de Pernambuco - Campus Salgueiro.

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