Na programação da Casa ocorreram várias atividades em espaço exclusivo aos poetas voltados para linguagem do cordel
Um dos destaques da Feira Internacional de Literatura de Paraty (Flip), que anualmente reúne medalhões nacionais e estrangeiros da literatura em Paraty, litoral do Rio de Janeiro, teve como destaque no fim de semana A Casa da Literatura de Cordel - uma ação de salvaguarda deste patrimônio cultural brasileiro, protagonizada pelos coletivos de cordelistas de várias regiões. Um dos autores e defensores do gênero que marcou presença no espaço foi o poeta e cantador petrolinense Aldy Carvalho que lançou seu livro “O Cavaleiro das Léguas”, no Sobrado do Iphan, com o pocket-show “O Cantador e o Poeta”, ao lado de João Gomes de Sá e Marisa Serranno.
Na programação da Casa ocorreram várias atividades em espaço exclusivo aos poetas voltados para linguagem do cordel, a exemplo da Ciranda do coletivo da salvaguarda da Literatura de Cordel, A Hora do Folheteiro, com declamações espontâneas dos cordelistas, Cordel Cantante, Contação de Histórias de Cordel e cantorias. Convidado especial para a programação o poeta, cantador, violonista e cordelista sertanejo, pernambucano de Petrolina, Aldy Carvalho, autografou na sua mais nova obra literária – o romance catingueiro e poético ‘O cavaleiro das Léguas”, editado pela editora Nova Alexandria.
Com “O Cavaleiro das Léguas”, Aldy estabelece um rigor literário-magistral em sua multifacetada obra que passeia por diversas linguagens para além da música e literatura. O autor atravessa os horizontes do cordel, do conto maravilhoso, da fábula, da crônica e do romance na condição da criatividade aberta ao endossar sua criatividade conectada com a intertextualidade.
O educador e ensaísta Ely Verissimo endossa que O Cavaleiro das Léguas, é uma alegoria sobre muitas coisas: “Imagine-se, caro leitor, numa gesta, isto é, num combate. Esse combate, no entanto, embora você esteja paramentado como um cavaleiro, portando espada e escudo e armadura, e montando seu belo Rocinante como um Dom Quixote, ou como um Sir Galahad, não é um combate entre dois cavaleiros numa disputa qualquer”, observa.
Ainda sobre a obra, Veríssimo enfatizar que o autor dá voz ao eterno feminino, assim, “é um poema sobre a busca da parte que nos falta e que não é um objeto a ser tomado, mas um presente em face de uma transformação ética, que se reflete no respeito pela vontade dela”.
“Você não está diante de uma donzela frágil e indefesa e não pense que será dela o protetor ou dominador porque a conquistou no combate. Muito ao contrário, é com ela o combate final, combate virtuoso em que nenhum dos dois sairá derrotado, e do qual advém o seu valor definitivo. É dela a escolha, é dela a decisão e isso, meu caro, é inelutável”, escreveu ao acrescentar que em O Cavaleiro das Léguas, Aldy Carvalho, atualiza o tema das gestas cavalheirescas do ciclo arturiano. Durante a apresentação, Aldy ressaltou a importância do cordel no horizonte da literatura popular e endossou a importância da inserção dos livros com poesia em cordel na educação.