Texto da Assessoria Econômica da Fecomércio PE
O Índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF) variou 1,5% no Brasil, entre setembro e outubro. Enquanto isso, Pernambuco não apresentou variação no ICF. Mesmo assim, no estado, há indícios de melhora associados à perspectiva profissional e renda atual.
Em relação ao emprego, 39,5% daqueles com renda superior a 10 salários-mínimos acompanham essa afirmação; e 38% dos entrevistados com até 10 salários-mínimos sentem-se nas mesmas condições. A perspectiva profissional, no mês de setembro, 55,1% avaliam a melhora profissional nos próximos seis meses. Enquanto 36,7% avaliam uma piora na perspectiva laboral. Nota-se que a população com rendimento mais elevado está mais satisfeita em relação ao emprego, haja vista 57,9% acreditarem ter boas expectativas de carreira.
Entre a população geral, houve um sentimento de avanço em relação à renda. No entanto, é importante destacar o registro dessa percepção entre a população de menor receita, estrato no qual 20,8% indicaram uma depreciação em sua situação financeira em comparação ao ano passado.
Para 48,6% da população com renda acima de 10 salários-mínimos, o acesso ao crédito ficou mais fácil quando cotejado a igual mês de 2022, enquanto para a população de renda mais baixa, 30,4% acreditam que o acesso ao crédito ficou mais difícil. Essa diferença na percepção do crédito entre estratos de rendimento acentua não apenas distinções econômicas, mas também a pressão de fatores exógenos, como endividamento da família e mercado de trabalho, que moldam as experiências financeiras da população. Tanto é assim que, em relação ao nível de consumo, a pesquisa revelou que 48,1% das famílias com vencimentos de até 10 salários-mínimos estão comprando menos quando comparado ao ano passado, enquanto a população que recebe acima de 10 salários-mínimos indicou que 49,1% estão comprando mais que no ano passado.
Em Pernambuco, 36,1% das famílias com receita até 10 salários-mínimos indicaram a expectativa de consumo menor que no ano passado, enquanto 45,5% das famílias com renda superior a 10 salários-mínimos têm a expectativa de que o consumo seja igual ao do ano passado. Essas perspectivas de consumo antecipam um cenário desafiador para as empresas do setor de comércio e serviços em Pernambuco.
Para 50,6% dos pesquisados, este é um mau momento para compra de bens duráveis (televisão, geladeira, fogão, etc.). Na faixa de renda mais baixa, é levemente maior essa insatisfação, com 52,4% corroborando a afirmação anterior. Enquanto isso, na faixa de remuneração mais elevada, 55,9% avaliam que a circunstância é favorável para a aquisição de duráveis. A melhora comparada ao mês passado se deu por causa do recuo da taxa básica de juros e políticas de renegociação de dívidas, o que trouxe novamente os consumidores para esse segmento.
O economista da Fecomércio-PE, Rafael Lima, comentou: “O Índice de Confiança do Consumidor (ICF) evidenciou uma evolução na percepção da renda disponível da população pernambucana. Este avanço pode ser atribuído, em parte, à deflação registrada nos setores de alimentos e bebidas em todo o Brasil. Além disso, observou-se uma breve, porém promissora, recuperação nos índices de empregos formais em Pernambuco, conforme indicado pelos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Esses sinais de retomada no mercado de trabalho contribuem para elucidar a melhoria na perspectiva profissional no estado.”
Sobre a pesquisa – A Pesquisa de Intenção de Consumo das Famílias (ICF), realizada pela CNC em setembro de 2023, apresenta a avaliação dos consumidores em relação a aspectos relevantes para as condições de vida, como emprego e renda, perspectiva profissional e acesso ao crédito. Trata-se de uma importante ferramenta para avaliar a conjuntura econômica e identificar tendências de consumo, auxiliando empresas e governos a planejar suas estratégias de negócios e políticas públicas.
A análise é feita considerando a ótica de otimismo ou pessimismo do consumidor em relação a esses aspectos, indexada a um índice que, abaixo de 100 pontos, indica pessimismo do consumidor em relação à intenção de consumo. Valores acima de 100 pontos indicam otimismo em relação à intenção de consumo. Além de sistematizar os resultados para o Brasil e as Unidades da Federação, a pesquisa distingue resultados para dois grupos de renda: famílias com renda até 10 salários-mínimos e famílias com renda acima de 10 salários-mínimos.