Entre 2013 e 2023, mais de 10 mil casos de intoxicação exógena por agrotóxicos foram registrados no estado
A Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco (SES-PE) divulgou, na quarta-feira (08/01), o boletim da Vigilância em Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos (VSPEA). O documento tem como objetivo apresentar o panorama epidemiológico no estado, além de fornecer suporte aos municípios no planejamento de ações e estratégias voltadas para a promoção da saúde e a redução dos riscos associados ao uso de agrotóxicos em Pernambuco.
O boletim está dividido em quatro seções. A primeira aborda o perfil de intoxicações exógenas (IE) por agrotóxicos entre 2013 e 2023. A segunda trata do perfil dos trabalhadores aplicadores de agrotóxicos cadastrados (2014-2024). A terceira seção foca no monitoramento de agrotóxicos em água para consumo humano entre 2022 e 2023. E a quarta analisa a agroecologia como uma alternativa ao modelo dependente de produtos químicos.
Entre 2013 e 2023, mais de 10 mil casos de intoxicação exógena por agrotóxicos foram registrados no estado, com destaque para grupos mais vulneráveis, como trabalhadores rurais, crianças e gestantes. Em 2022, análises de água para consumo humano revelaram concentrações preocupantes de substâncias como Aldrin e Dieldrin, que ultrapassaram os limites permitidos em algumas localidades.
“Ampliar a discussão sobre a temática é extremamente importante para dar visibilidade e avançarmos nas discussões e políticas públicas que envolvem questões de interesse público, como o acesso à água e a alimentos de qualidade. Enquanto esses produtos continuarem a ser comercializados em larga escala, teremos um cenário de risco, especialmente para os grupos mais vulneráveis, como trabalhadores, crianças, idosos, gestantes, lactentes e imunossuprimidos, devido aos malefícios à saúde que essas substâncias podem causar a curto e longo prazo”, comentou a coordenadora da Vigilância em Saúde de Populações Expostas a Contaminantes Químicos e Físicos da SES-PE, Clara Schumann.
Em contrapartida, práticas agroecológicas vêm se fortalecendo como alternativas ao uso de produtos químicos. Um levantamento realizado pela equipe da VSPEA, com agricultores e especialistas, aponta que o uso de biofertilizantes e adubos naturais têm gerado resultados positivos tanto na produção agrícola quanto na saúde dos trabalhadores.
“A Vigilância em Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos também tem um olhar voltado para a saúde dos trabalhadores, especialmente os da agricultura, um dos grupos mais vulneráveis aos efeitos dos agrotóxicos. Por isso, a estratégia é fundamental para identificar a exposição e articular ações intra e intersetoriais voltadas para a prevenção e promoção da saúde da população trabalhadora”, destacou o gerente da Vigilância em Saúde do Trabalhador, Paulo Lira.
O boletim ainda destaca os avanços e desafios na implementação da estratégia, apontando caminhos promissores para sua efetivação e reforçando a importância de fortalecer a temática para alcançar as populações mais vulneráveis.
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