Artigo: Saudade, Silêncio e Paz

Por Dom José Gislon, OFMCap - Bispo Diocesano de Caxias do Sul

Estimados irmãos e irmãs em Cristo Jesus! Na comemoração de todos os fiéis defuntos, lembramos daqueles que fizeram parte de nossa vida e nos confrontamos com recordações que nos trazem alegrias e também com aquelas que nos trazem dor e sofrimento, pelas realidades que nos envolveram na perda dos nossos entes queridos. É um pedaço da nossa vida que se vai cada vez que um amigo ou alguém da nossa família morre. Mas além do sofrimento momentâneo, causado pela perda de pessoas tão queridas, descobrimos, com o passar do tempo, que pouca coisa muda. O vazio deixado por eles permanece e nada poderá substituir a presença física, o olhar amoroso e a ternura daqueles que amávamos e partiram.

Podemos viver intensamente cada momento da vida, mas, sempre permanece em nós um olhar interrogativo sobre a dramaticidade da morte: principalmente nos casos de mortes prematuras e injustas, causadas pela violência de alguns, a omissão e a falta de amor de outros. Esta realidade, que atinge milhares de pessoas e de famílias diariamente, nos faz refletir sobre a brevidade e o descaso da vida, além do mistério da morte. Na nossa existência, marcada pela brevidade da vida e pela certeza da morte, somos também levados a refletir sobre o sentido da vida, onde tudo é provisório e nada vivido plenamente.

Diante de certas situações dramáticas, muitas vezes nos faltam palavras para consolar os que sofrem, e a nossa presença silenciosa pode manifestar a proximidade do amor infinito de Deus, Pai misericordioso, que consola os corações aflitos. A nossa confiança na Palavra de Deus pode nos abrir uma janela de esperança, para percebermos que não estamos sozinhos. Segundo a palavra da Sagrada Escritura, para o cristão a morte é um novo nascimento. Na morte, caem todos os limites da nossa condição terrena para sermos libertados definitivamente na totalidade das nossas experiências, levando conosco a nossa história, que reencontraremos em Deus.

Ser cristão não significa fazer parte de um grupo que está imune aos aspectos misteriosos da morte, ou do sofrimento provocado pela separação das pessoas que amamos. Ser cristão é acreditar na ressurreição, é viver na certeza de que existe uma vida, um encontro, uma esperança para nós e para os nossos entes queridos. Tendo presente que a morte não quebra, mas transforma os laços entre as pessoas, tornando-os não mais direto e material, mas espiritual. Como cristãos devemos dar testemunho da nossa fé no Ressuscitado no mundo e da nossa esperança no Senhor da vida. Lembrando que o nosso olhar em relação ao futuro deve ser iluminado pela espera do retorno glorioso de Jesus, que com a sua vinda confirmará as palavras: “Quem espera em ti, Senhor, não ficará desiludido” (Sl 25).

Tags:
catolica
Author
Thiago Lima

Thiago de Lima Silva, natural de Salgueiro-PE, tem 31 anos. Iniciou no Rádio aos 17 anos de idade.

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