Impactos das chuvas e suspensão do São João no comércio

Por Ademilson Saraiva, da Assessoria Econômica da Fecomércio PE

Grande parte da população nordestina aguardava ansiosa pela retomada das festividades juninas em 2022. Embora as manifestações populares relacionadas a essa época do ano tenham maior expressividade nas regiões interioranas, os festejos juninos costumam movimentar a economia dos estados do nordeste em toda a sua extensão.

Mesmo nas regiões litorâneas, o período que se estende de 12 de junho, véspera de Santo Antônio, a 29 de junho, dia de São Pedro, mobiliza diversas atividades de serviços na realização de arraias públicos, competição de quadrilhas e eventos privados embalados pelo ritmo do forró. São atividades que vão desde a montagem de estruturas, produção audiovisual e serviços de manutenção, até produção de alimentos típicos e confecção de vestuários e adereços.

Em termos de fluxo turístico, além dos segmentos mencionados, há também a perspectiva sobre as atividades receptivas no interior do estado, especialmente no Agreste e Sertão. Municípios como Caruaru, Gravatá, Arcoverde e Petrolina concentram um grande fluxo de visitantes, de diversas regiões do estado e também de fora de Pernambuco, chegando a registrar elevadas taxas de ocupação hoteleira nos períodos juninos pré-pandemia.

Dos visitantes pernambucanos no São João do interior, a região metropolitana costuma ter peso relevante, com pessoas que buscam as festas públicas ou o clima agradável durante feriado. E para tal, tendem a movimentar as vendas do segmento local de vestuários e calçados.

Nesse sentido, apesar de não ter a mesma magnitude que o Carnaval para a RMR e litoral, o São João também tem papel relevante na economia local, especialmente para o varejo.

Em cenário de retomada das atividades presenciais e de fragilidade no comércio varejista, as festas juninas são vistas nesse momento como uma oportunidade relevante para o setor terciário.

Entretanto, em virtude das fatalidades decorrentes das fortes chuvas que atingiram o litoral e zona da mata no final de maio, diversas prefeituras optaram por suspender ou oficialmente cancelar os eventos públicos, convertendo os recursos disponível das festividades para o atendimento emergencial das famílias afetadas pelas tragédias.

Para além do impacto sobre a realização dos eventos juninos, as fortes chuvas também causam um impacto relevante sobre a atividade de comércio. Em função dos diversos pontos de alagamento, a redução da circulação de pessoas tende a reprimir a demanda por segmentos sensíveis à compras por impulso, como vestuários e artigos para o lar, e também necessidades básicas, como supermercados e farmácias.

Não apenas a mobilidade de pessoas foi reduzida nos últimos dias. Em divesos pontos estabelecimentos também se viram obrigados a não abrir suas portas, seja por falta de demanda, seja por falta condições de enfrentar as chuvas torrenciais, transbordamento dos cursos de água e alagamento dos principais corredores comerciais. Mesmo centros de compras modernos e shopping centers sofreram com os transtornos do acúmulo de águas.

Quanto às decisões sobre cancelamentos e suspensões dos festejos juninos em algumas cidades, a Fecomércio corrobora a iniciativa dos gestores municipais, entendendo que esse é o momento de preservar o bem estar das famílias atingidas e seus sobreviventes. Nesse sentido, a instituição também buscou fazer a sua parte, realizando ações de assistência à população menos favorecida como o fornecimento de refeições nas cidades do Recife, Jaboatão dos Guararapes e Camaragibe e a arrecadação de donativos em todo o estado de Pernambuco.

Da mesma forma, reforçando seu compromisso com o setor, a Federação buscará o diálogo com os governos municipais e estadual de forma a encontrar alternativas e oferecer oportunidades aos segmentos do varejo e serviços das cidades fortemente atingidas e que não realizarão eventos públicos de São João – eventos esses que movimentam atividades formais e também atividades informais, que contribuiriam gerando renda para uma população bastante afetada pelo elevado desemprego.

Mas, é importante ressaltar que cidades importantes para o ciclo junino no interior, a exemplo de Caruaru, mantém suas agendas de festividades para o mês de junho, em que o comércio e serviços contribuirão significativamente para a economia local e estadual, após dois anos de restrições sobre os grandes eventos.

Author
Thiago Lima

Thiago de Lima Silva, natural de Salgueiro-PE, tem 31 anos. Iniciou no Rádio aos 17 anos de idade.

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