Intercâmbio leva estudantes da Univasf ao Paraguai em experiência de integração acadêmica

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Do semiárido brasileiro ao semiárido paraguaio, o conhecimento atravessou fronteiras e aproximou realidades. Estudantes da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) participaram, entre os dias 24 e 30 de outubro, de um intercâmbio acadêmico na Universidad Nacional de Asunción (UNA), em San Lorenzo. Durante a visita, foi realizada uma oficina na qual foi apresentado o projeto de extensão “Mapeamento e Caracterização de Nascentes e Recursos Hídricos nas Serras da Jacobina”, coordenado pelo professor do Colegiado de Geografia (CGeo) Gustavo Hees de Negreiros. A atividade integrou as ações da Rede Biocultura, da qual pesquisadores da Univasf fazem parte, juntamente com representantes de universidades do Brasil, Paraguai, Argentina, Bolívia, Venezuela e México.

Participaram do intercâmbio o estudante Adriano Borges, do curso de Geografia e estagiário do projeto de extensão; a bolsista Iasmim Soares, do curso de Ecologia; Erotilde Damasceno, recém-formada em Geografia, que integrou o projeto durante a graduação; e o professor Gustavo Negreiros.

Durante a semana de intercâmbio, os representantes da Univasf visitaram as instalações da UNA, dialogaram com docentes e estudantes dos cursos de Engenharia e participaram de atividades de campo na região do El Chaco, voltadas à troca de experiências sobre conservação ambiental e mapeamento de nascentes. Nos dias 27 e 28 de outubro, Negreiros e os estudantes conduziram a oficina “Aspectos Metodológicos para o Mapeamento de Nascentes e de Água em Zonas Vulneráveis”, na qual foram discutidos conceitos sobre nascentes, vulnerabilidade ambiental e metodologias de mapeamento, com momentos teóricos e práticos em campo.

Segundo o professor do CGeo, essa troca de experiências é fundamental para ampliar o conhecimento científico sobre as regiões semiáridas. “O semiárido brasileiro, o mais populoso do mundo, destaca-se por sua relevância ambiental e social. No entanto, compreender outros semiáridos, como o Chaco seco que abrange Paraguai, Argentina e Bolívia, é essencial para expandir esse conhecimento”, afirma Negreiros.

Para a estudante de Ecologia Iasmim Soares, a experiência trouxe aprendizados que vão muito além da sala de aula. “Foi uma vivência muito enriquecedora. Ampliou minha visão sobre a conservação ambiental e sobre a importância da cooperação internacional. Conhecer uma nova cultura, modos de trabalho e perspectivas científicas me fez crescer tanto pessoal quanto profissionalmente”, contou.

A interação com os estudantes paraguaios foi marcada pela troca de saberes e pela hospitalidade. “Os estudantes de lá foram muito acolhedores e interessados. Apesar das diferenças linguísticas, conseguimos nos comunicar bem, com paciência, boa vontade e até um ‘portunhol’ improvisado”, acrescentou Yasmin, entre risos.

O estudante de Geografia Adriano Borges também destacou o impacto da experiência na formação pessoal e acadêmica. “Foi mais do que sair do Brasil, foi sair da nossa bolha acadêmica. Conhecer outras realidades, culturas e formas de pensar foi transformador. Eles têm muito a nos ensinar, especialmente sobre o papel do estudante dentro da universidade”, afirmou.

Adriano ressaltou ainda o aprendizado sobre o engajamento estudantil e a vida universitária em outro contexto. “Essa experiência foi fundamental para minha formação. Adquiri conhecimentos práticos que levarei para a vida toda. Nenhum aprendizado teórico sobre outras realidades chega minimamente perto da vivência prática”, destacou.

Sobre a participação na Rede Biocultura e a vivência internacional, Negreiros afirma que essas experiências têm sido essenciais para o avanço das pesquisas e o amadurecimento das discussões conceituais sobre meio ambiente. “Essas trocas são fundamentais. Ao dialogar com pesquisadores de outros países, conseguimos compartilhar dificuldades, buscar soluções conjuntas e compreender diferentes perspectivas. Cada país tem formas distintas de lidar com as áreas de proteção permanente e com o mapeamento de nascentes. Isso nos ajuda a repensar nossos próprios conceitos e construir novas abordagens”, explicou.

Ele destacou ainda a importância do intercâmbio para a formação dos estudantes.“Essa vivência é essencial no processo de construção acadêmica e pessoal. Quando conhecemos outra cultura, questionamos nossos próprios valores e ampliamos nossos horizontes. Costumo dizer que todos nós temos um ‘óculos cultural’ e só conseguimos refletir sobre ele quando olhamos o mundo por lentes diferentes”, finalizou o docente.

O sucesso do intercâmbio já rendeu novos convites: o grupo da Univasf foi chamado para apresentar o projeto novamente, desta vez em formato virtual, para outros cursos da UNA. Além disso, estão em desenvolvimento um site, criado pelo estudante de Geografia Vitor Alves, com as informações do projeto, e um aplicativo de mapeamento de nascentes, chamado Uiara, já disponível para download na Play Store, desenvolvido pelo egresso de Geografia Darlei Silva.

Programa Águas da Serra -  Vinculado ao Grupo de Estudos em Geografia, Ecologia Espacial e Modelagem Ambiental (GEMA), o Programa Águas da Serra desenvolve ações voltadas à conservação dos recursos hídricos das Serras da Jacobina (BA). Coordenado pelo professor Gustavo Negreiros, em parceria com o professor Marcos Paulo Novaes, da Universidade do Estado da Bahia (Uneb), o programa conta com a participação da Preserve Jr. e da Piemonte Empreendimentos. Registrado na Pró-Reitoria de Extensão (Proex) sob o título “Mapeamento e Caracterização de Nascentes e Recursos Hídricos nas Serras da Jacobina”, o projeto realiza o mapeamento e a caracterização de nascentes, o estudo da variabilidade das chuvas e das sub-bacias locais, além da identificação de ameaças aos recursos hídricos.

Author
Thiago Lima

Thiago de Lima Silva, natural de Salgueiro-PE, tem 32 anos. Iniciou no Rádio aos 17 anos de idade.

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