Livro da CEPE traz relatos de pessoas que conviveram com Dom Helder Câmara

O livro é um importante resgate e registro dessas memórias

A Companhia Editora de Pernambuco (Cepe) lança, dia 23 de novembro, às 18h, na Arquidiocese de Olinda e Recife, o livro  O Dom que vive em nós - Helder Camara e a igreja no meio do povo, assinado pelo secretário de Justiça e Direitos Humanos de Pernambuco, Pedro Eurico. A obra se destaca por reunir 23 entrevistas com pessoas que de alguma forma conviveram e colaboraram, direta ou indiretamente, com o trabalho de dom Helder (1909-1999). Tais relatos - alguns inéditos - revelam que ideias e atitudes defendidas por dom Helder permanecem vivas, como a defesa da liberdade e dos direitos humanos e a luta contra injustiças. O livro é um importante resgate e registro dessas memórias. 

Um desses testemunhos é do próprio autor, que iniciou sua carreira de advogado na Comissão de Justiça e Paz da Arquidiocese de Olinda e Recife, na década de 1970, a convite de Dom Helder, defendendo presos políticos e moradores de ocupações de terra. “Dom Helder é uma presença decisiva em minha vida. Falo no presente porque ele continua vivo em mim e em tantos outros que conviveram com ele. Por isso esse livro, um projeto que me acompanha há muito tempo, e que agora será lançado pela Cepe, com o relato testemunhal de tantos que estiveram ao seu lado. São memórias que possivelmente estariam restritas a quem conviveu com o Dom e que, com essa publicação, vão ser registradas para os leitores e para a história. Revelar esse Dom vivo como muitos dos valores e ideias que sempre defendeu em vida e que continuam tão urgentes é falar sobre temas muito pertinentes e necessários para a defesa dos direitos humanos. Dom Helder foi um grande líder do movimento da não violência ativa, o que está mais atual do que nunca”, declara Pedro Eurico. 

“Se dom Helder Camara estivesse entre nós, sem dúvida, estaria nos fazendo ver que a pandemia tem feito tanto mal e provocado tanta morte não apenas por causa do coronavírus e sim pela indiferença social, pela insensibilidade de governantes diante da dor do povo e, principalmente, pela forma de organizar a sociedade, na qual a solidariedade e o bem comum não são prioridades”, escreveu no prefácio o Arcebispo de Olinda e Recife, Dom Fernando Saburido.

Editado pela jornalista Daniella Brito Alves, o livro começou a nascer em 2019, quando se iniciaram as pesquisas e entrevistas nos municípios pernambucanos de Jaboatão dos Guararapes e Glória de Goitá, e em Brasília. As conversas resultaram em 23 horas e quarenta e nove minutos de depoimentos que revelam experiências e reflexões a partir de acontecimentos das vidas de irmã Aurieta, Lucinha Moreira, Roberto Franca, padre Reginaldo, irmã Carla, frei Aloísio Fragoso, padre Ernannes Pinheiro, irmã Consuelo, Iêda e padre Jayme, frei Tito, dom Sebastião Armando, Chico de Assis, padre Vito Miracapillo, Socorro Ferraz, Gilbraz Aragão, Abdalaziz de Moura, Henrique Mariano, Leda Alves, Teresa Duere, Divane Carvalho, João Bosco e Marcelo Barros. 

“Sem nenhum roteiro pré-estabelecido, numa linguagem simples, como o Dom, registramos cada conversa, muitas vezes emocionada , da forma mais fiel possível. Esses depoimentos se somaram às memórias de Pedro Eurico, num processo marcado pelo resgate do Dom como esse pastor da igreja no meio do povo. Falar sobre esse momento é não só revelar o passado, mas estimular o debate sobre o que ele tão bem defendeu e lutou. É também uma brisa de esperança em tempos tão difíceis como os atuais”, diz Daniella. 

Com 492 páginas recheadas por rico acervo fotográfico pertencente à Arquidiocese, o livro relata, através das entrevistas, fatos e reflexões sobre temas como a morte do padre Antônio Henrique (1940-1969), sequestrado, torturado e brutalmente assassinado pela ditadura militar; a atuação no Recife da Comissão de Justiça e Paz; a luta por moradia defendida por dom Helder; a relação da política com a religião e a igreja Católica; a importância dos pobres serem evangelizados pelos pobres. “Ele era um 'agitador' social, um Luther King, Gandhi, um Mandela, hoje seria Malala Yousafzai”, compara Pedro Eurico.

Fonte: CEPE

Tags:
pernambuco
Author
Thiago Lima

Thiago de Lima Silva, natural de Salgueiro-PE, tem 31 anos. Iniciou no Rádio aos 17 anos de idade.

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