Método pioneiro no Norte/Nordeste muda diagnóstico da hipertensão arterial em pacientes do SUS atendidos em Salgueiro
A iniciativa TELE-HA foi idealizada pelo cardiologista Dr. Elder Gil
Um importante método tem mudado o diagnóstico da hipertensão arterial na atenção básica de saúde no município de Salgueiro, no Sertão Central de Pernambuco. O projeto é pioneiro no SUS (Sistema Único de Saúde) nas regiões Norte e Nordeste do Brasil, e vem sendo aplicado com excelente aceitação por profissionais de saúde e usuários do SUS. O projeto denominado de TELE-HA foi apresentado através de trabalho científico no 29º Congresso Pernambucano de Cardiologia, promovido pela Sociedade Brasileira de Cardiologia de Pernambuco (SBC-PE), no último sábado (18), tendo sido premiado em 2º lugar com o Tema Livre ‘’Caracterização fenotípica da hipertensão arterial e fenótipos em hipertensos tratados em um município do interior pernambucano’’.
A iniciativa TELE-HA foi idealizada pelo cardiologista Dr. Elder Gil, médico da Clínica do Coração em Salgueiro, que chamou a atenção da equipe de estudos em Cardiologia da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), em Petrolina, também no Sertão do Estado, tendo-se iniciada uma parceria coordenada pelo professor Dr. Anderson Armsntrong que resultou neste primeiro trabalho científico com 488 pacientes. A apresentação oral foi realizada pelo acadêmico Manoel Pereira da UNIVASF, destaque no grupo de estudos.
O projeto utiliza o método diagnóstico MRPA (Monitorização Residencial da Pressão Arterial), que visa analisar o registro da pressão arterial do paciente através de um monitor de pressão arterial de braço digital, validado e calibrado. Esse serviço monitora a pressão arterial fora do consultório médico, ou seja, no ambiente residencial durante 5 dias. Os registros são enviados via tecnologia Bluetooth para a plataforma TeleMRPA que consolida os dados para emissão de laudo pelo cardiologista responsável.
“A MRPA é um exame de baixo custo para diagnóstico da Hipertensão Arterial e amplamente disponível. É um método que permite o diagnóstico preciso, possibilitando um tratamento correto da hipertensão e suas formas de apresentação (fenótipos) como a Hipertensão do Avental Branco e Hipertensão Mascarada, que não podem ser diagnosticadas com através da medida casual da pressão arterial isoladamente. O exame promove um engajamento do paciente no seu tratamento, melhorando a adesão medicamentosa e aumentando as taxas de controle da pressão arterial, além de possibilitar a melhor verificação da eficácia do tratamento anti-hipertensivo”, explica o cardiologista Dr. Elder Gil. O serviço já está largamente disponível na rede privada, mas apenas outros três municípios brasileiros localizados em São Paulo, Mato Grosso e Rio grande do Sul possuem o método na atenção básica rede pública de saúde.
O serviço foi implantado nas unidades básicas de saúde de Salgueiro. A Clínica do Coração Dr. Elder Gil, credenciada ao SUS, foi a responsável por implantar o projeto e estudar o comportamento da pressão arterial em pacientes sob suspeita de Hipertensão e naqueles já com diagnóstico estabelecido.
‘’Antes da MRPA, utilizávamos exclusivamente a medida casual da pressão arterial e um terço dos pacientes tinham diagnóstico da hipertensão errado. O trabalho mostrou que a implementação da MRPA mudou o diagnóstico e consequentemente o tratamento de mais de 70% dos pacientes avaliados, confirmando não só a importância da implantação do exame, como também o quanto a medida casual da pressão arterial é falha”, explica o cardiologista.
O serviço funciona assim: a partir da medida da pressão arterial no consultório, o médico da UBS (unidade básica de saúde) indica e solicita o exame MRPA. O paciente apresenta a solicitação na UBS, que faz o agendamento conforme horários disponibilizados pela central de exames. Seguindo a agenda semanal, um profissional se desloca até a UBS para liberação do exame com o paciente, realizando as primeiras medidas e orientando o restante do protocolo a ser seguido pelo paciente em casa nos dias subsequentes.
PESQUISA
O estudo concluiu que há uma alta prevalência de hipertensão sustentada e mascarada entre os pacientes que estavam sem tratamento. Já entre os hipertensos que estavam em tratamento, chama a atenção a alta prevalência da hipertensão mascarada não controlada.
