Municípios começam a aplicar estratégias para aumentar coberturas vacinais

Microplanejamento ensina os municípios a usarem as estratégias mais eficientes para suas realidades. Mais de 1.200 gestores, profissionais da saúde e facilitadores foram treinados

OMinistério da Saúde concluiu a segunda etapa do microplanejamento para as atividades de vacinação - estratégia adotada no país em 2023 para aumentar as coberturas vacinais. Agora, é o momento de gestores e profissionais locais executarem as lições aprendidas. Para ações do microplanejamento, a pasta destinou R$150 milhões aos estados e municípios no ano passado. 

Em 2023, a pasta se reuniu com representantes de todas as secretarias estaduais, regionais de saúde e representantes dos conselhos de saúde para a formação de multiplicadores na metodologia de microplanejamento para ações de vacinação de alta qualidade. Entre o final do ano passado e maio de 2024, ocorreram visitas técnicas de monitoramento. 

Foram realizadas 18 oficinas que capacitaram 1.237 facilitadores estaduais, gestores e profissionais da saúde das diversas áreas implicadas no processo de vacinação: imunização, vigilância, atenção primária, sistema de informação, dentre outras. Esses trabalhadores do Sistema Único de Saúde (SUS), por sua vez, replicaram a metodologia nos respectivos municípios das 27 unidades federativas, incluindo os 34 distritos sanitários indígenas (DSEIs). Também foi realizada a etapa de supervisão nos estados e em 30 municípios. 

Para a secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente, Ethel Maciel, diante da diversidade do Brasil, é preciso identificar o que deve ser melhorado em cada localidade para aumentar a cobertura vacinal. “Entre as ações que foram adotadas estão a realização dos ‘Dias D’ de vacinação, a busca ativa de não imunizados, a vacinação em qualquer contato com serviço de saúde, nas escolas e para além das unidades de saúde – locais de trabalho ou shopping centers, por exemplo –, intensificação da vacinação em áreas indígenas, entre outras”, destaca a secretária.

Felipe Proenço, secretário de Atenção Primária à Saúde, ressalta o papel da atenção primária por uma vacinação de qualidade e o trabalho do ministério por uma maior cobertura. "A APS tem uma participação fundamental nesse processo, no diálogo com a população, falando da importância da vacinação e trazendo essa capilaridade que a atenção primária tem junto ao Programa Nacional de Imunização (PNI)", frisa. 

O coordenador de Imunização, Monitoramento e Avaliação das Coberturas Vacinais na APS, Ricardo Gadelha, por sua vez, lembra que a agenda do microplanejamento evidencia o trabalho da atenção primária na ação, captação e convencimento da população para retomar a confiança nas vacinas, “O primeiro passo foram as reuniões, depois o monitoramento das ações estruturantes em cada território, respeitando as diferenças e restabelecendo os vínculos na atenção primária à saúde. Voltamos a aumentar as coberturas vacinais, e, agora, é preciso continuar trabalhando até alcançarmos o patamar de segurança para a população”, aponta Gadelha. 

Microplanejamento 

O microplanejamento é uma metodologia elaborada pela Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) e adaptada à realidade brasileira pela Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente (SVSA), por meio do Departamento do Programa Nacional de Imunizações (DPNI), com apoio das secretarias de Atenção Primária à Saúde (Saps) e de Saúde Indígena (Sesai). Para sua implementação no país, o Ministério da Saúde promoveu amplo debate com os representantes do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasem) e o mesmo foi devidamente aprovado no âmbito da Comissão Intergestores Tripartite (CIT). 

Durante a formação, os participantes foram apresentados ao Manual de Microplanejamento para as atividades de vacinação de alta qualidade, com o passo a passo da estratégia, que parte do nível local, com base nas características da população-alvo e nas condições geográficas, sociais, culturais e demográficas da área de abrangência da UBS, equipe Saúde da Família e suas salas de vacina. A publicação, traz estratégias de planejamento, execução, monitoramento e supervisão das atividades de vacinação de alta qualidade (Avaq), pode ser baixada em sua versão digital por todos os gestores e profissionais. 

Ações inéditas 

Em 2023, o Brasil reverteu a tendência de queda nas coberturas vacinais que o Brasil enfrentava desde 2016. Ao todo, 13 dos 16 imunizantes do calendário nacional de vacinação registraram aumento nas coberturas, quando comparado com 2022. Além do microplanejamento, o Ministério da Saúde lançou o Movimento Nacional pela Vacinação e criou o Projeto Saúde com Ciência para o enfrentamento à desinformação sobre as vacinas.

As campanhas publicitárias do Ministério da Saúde também se adaptaram à nova estratégia, sendo feitos anúncios específicos para cada estado e região do país, com utilização de referências locais e até sotaques regionais. 

Também a partir de 2023, todos os dados vacinais foram redirecionados para a Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS), com as doses aplicadas atreladas a um CPF ou Cartão Nacional de Saúde (CNS). A reestruturação é uma reivindicação antiga do setor e migra os dados para um sistema mais abrangente, flexível e oportuno. 

A novidade permitiu que a caderneta digital de vacinação se tornasse uma realidade. A partir da completa migração entre os sistemas, cada cidadão poderá consultar a própria situação vacinal online, por meio do Meu SUS Digital, como já acontece com as doses de vacinas da covid-19. 

Tags:
saude brasil
Author
Thiago Lima

Thiago de Lima Silva, natural de Salgueiro-PE, tem 31 anos. Iniciou no Rádio aos 17 anos de idade.

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