Neuropediatra pernambucano lança livro com resgate histórico da epidemia de zika e microcefalia

Por Cinthya Leite

O Estado de Pernambuco passou a ser, em outubro de 2015, o epicentro da epidemia do zika vírus, que levou ao aumento inesperado dos casos de microcefalia (condição neurológica em que a cabeça do bebê é menor do que o esperado para a idade e o sexo). Em novembro daquele mesmo ano, o Ministério da Saúde confirmou a relação entre zika e microcefalia. 

O impacto e os desdobramentos dessa epidemia, que levou a Organização Mundial de Saúde (OMS) a declarar Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional em 2016, são contados pelo neurologista infantil pernambucano Lucas Alves, no livro História da epidemia do zika vírus no Brasil - espectro do neurodesenvolvimento e neuroimagens em crianças com síndrome congênita do zika vírus (Dialética Editora, 80 páginas).

A publicação é fruto do doutorado de Lucas realizado no Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip)

O livro traz informações sobre o neurodesenvolvimento das crianças com a síndrome congênita do zika. A ciência já confirmou como a infecção pelo vírus tem impactado as habilidades cognitivas, comunicativas, motoras e sociais das crianças atingidas pela infecção durante a gestação.

A gravidade com que essas alterações aparecerem, ao longo do desenvolvimento infantil, é decorrente do quão agressivo o agente infeccioso foi na gestação.

Entre os anos de 2015 e 2022, foram notificados ao Ministério da Saúde 21.196 casos suspeitos de síndrome congênita do zika. Dessa total, 3.732 (17,6%) foram confirmados para alguma infecção
congênita. Do total de casos confirmados, 1.857 (49,8%) foram classificados como casos de síndrome congênita do zika vírus. Quase 95% deles ocorreram nos dois primeiros anos da epidemia: 2015 e 2016. 

Publicado pela Dialética Editora, o livro de Lucas Alves vai além desses dados e narra o caminho percorrido pelo vírus, as consequências nas crianças e o que deve ser feito para evitar uma nova epidemia.

"A infecção pelo zika na gestação pode levar ao desenvolvimento de malformações no sistema nervoso, destacando-se a microcefalia. Essa condição impede o desenvolvimento adequado do cérebro dos bebês", diz Lucas. 

"A síndrome congênita do zika vírus manifesta ainda deficiências neurológicas funcionais importantes, anormalidades de neuroimagem, alterações auditivas e visuais. Essas complicações ainda podem se estender a dificuldades de alimentação, inclusive na amamentação", explica o neurolgista infantil.

Não se pode deixar de registrar que, ao longo dos últimos oito anos, as famílias viram-se atropeladas
por uma grande quantidade de informações sobre uma condição que abalou emocionalmente a
sociedade.

Fonte: JC

Tags:
pernambuco
Author
Thiago Lima

Thiago de Lima Silva, natural de Salgueiro-PE, tem 31 anos. Iniciou no Rádio aos 17 anos de idade.

Image
Image
Image
Image
Image
Image
Image
Image
Image
Image
Contador de visitas