QUE RUJA O LEÃO

Coluna Semanal

Sortes lançadas, votos apurados, passados 45 dias de campanha, compreendo que a política do interior é uma experiência única na vida de quem passa por ela. Observando com um pouco mais de atenção, o que é depositado nesse período é uma esperança que até então, eram depositadas nos jogos da Seleção. E como já tem alguns anos que a Seleção não é digna de confiança, toda energia é direcionada para o período eleitoral.

Enquanto a cidade do Recife validou o segundo mandato do socialista João Campos, talvez não tenha atentado que no combo, veio o vice Victor Marques, do PC do B, que além de ser o braço-direito do prefeito por longa data, não se sabe muito mais. Provavelmente, daqui a dois anos, ele mostre a que veio, já que se consolida como o novo Paulo Câmara, numa versão atualizada.

Olhando para o interior, a governadora Raquel Lyra consolida em Caruaru, garantindo a eleição em primeiro turno do Rodrigo Pinheiro, além de celebrar a vitória em 32 cidades com o seu partido, e outras 33, em cidades de seus aliados, como aconteceu em Salgueiro.

Salgueiro torna-se um capítulo à parte, pois além de derrotar diretamente o grupo político da família Campos, também mostra que não só de Recife é feito o Estado de Pernambuco, mas de todas cidades que se estabelecem do Litoral ao Sertão.

Relembrando as pesquisas de sexta-feira que mostravam que 60% do eleitorado estava disposto a abandonar a Zebra¹, para seguir com o Leão², mas muitos olhavam com descrença para tamanha diferença, que se confirmou no domingo, quando Fabinho e Emanuel, além de garantir a dianteira, colocaram mais de 6 mil votos em relação ao prefeito atual, em votação histórica.

Analisar depois que aconteceu é mais fácil, mas necessário. E causas para o fracasso do Governo de Marcone são muitas, e posso elencar as situações mais gritantes nesse texto. Apesar de afirmar que “se sentia como um menino novo”, em entrevista dada na Rádio Asa Branca, para o meu amigo, o radialista e responsável por este blog, Thiago Lima, a sua gestão sempre se apresentou cansada, burocrática, morosa e desconectada da realidade.

Buscando não tornar esta coluna um documentário, vamos olhar apenas para Saúde e Educação. Na Saúde, as notícias que circularam nacionalmente sobre medicamentos vencidos, misturados com outros em boas condições, que seriam destinados ao lixo, mancharam a imagem de um doutor que aparentava não cuidar da Saúde.

Pra completar, a falta de respeito com o atendimento às crianças autistas, onde vivenciei a realidade de uma fila que anda pra trás, e as explicações dadas são pautadas no silêncio ensurdecedor da Secretaria, só confirmaram que o mínimo de assistência não seria dispensado a quem precisa.

Na Educação, não faltaram problemas, transporte escolar que parou mais de cinco vezes no ano passado, por falta de pagamento, fardamento deste ano, que até o corrente mês (outubro), sequer têm expectativas para entrega. A briga interminável e despropositada, com relação ao Campus da UNIVASF, foram alguns dos motivos para população atribuir a alcunha de “roda presa” e “marcha lenta”, que colaram no Executivo, que era visto como alguém contra o progresso.

Quem tenta a reeleição, está pedindo para a população validar ou não o trabalho que está sendo feito, e se faltou trabalho, querer celebrar as obras da oposição, quando se é situação, é o mesmo que admitir sua própria ineficiência e falta de realizações. Assim, diante de uma Zebra que se debatia em um governo inerte, as urnas não perdoaram, e ficou fácil para o Leão dar seu bote, enquanto finalizava sua presa na apuração de domingo.

Desmanchados os palanques, entramos na fase de vigilância e esperança por dias melhores, torcendo para que o próximo ano seja de muito sucesso aos novos governantes e legisladores, que além de conseguir a maioria do eleitorado, também conseguiram através do sincretismo político, trazer a expectativa de melhoria e mudança, pois como já dizia Tiririca, “pior do que tá, não fica”.

¹Zebra: Grupo político de situação, liderado por Marcones Sá e Cacau, sob a influência de dona Creuza Pereira, Marília Arraes e Família Campos, derrotado no pleito de 2024.

²Leão: Grupo político de oposição, liderado por Fabinho Lisandro e Emanuel Sampaio, apoiados pela atual governadora Raquel Lyra, Edilton Carvalho e família, Clebel Cordeiro, família Patriota e correligionários, vitoriosos no pleito de 2024.

Author
Professor Tiago Machado

Tiago Silveira Machado, Eng. de Produção Mecânica, com Mestrado em Eng. de Produção e cursando doutorado em Ecologia Humana e Gestão Socioambiental. Trabalhando como Professor da Universidade de Pernambuco - Campus Salgueiro.

Image
Image
Image
Image
Image
Image
Image
Image
Image
Image
Contador de visitas