Servo de Deus, Dom Helder Câmara é homenageado com sessão solene na Câmara Municipal do Recife

O ato foi iniciativa da vereadora Cida Pedrosa.

O ex-arcebispo de Olinda e Recife (PE) e um dos fundadores da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Helder Camara (1909 – 1999), foi homenageado, nesta quarta-feira (12), na Câmara Municipal do Recife. A sessão solene recordou os 59 anos de nomeação do Servo de Deus para conduzir a arquidiocese pernambucana e sua chegada ao estado.

O ato foi iniciativa da vereadora Cida Pedrosa (PC do B) e reuniu na mesa o padre Pedro Rubens Ferreira de Oliveira, reitor da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap); Antônio Carlos, representando o arcebispo de Olinda e Recife; o monge beneditino Marcelo Barros, teólogo e escritor; irmã Wanda, presidente do Conselho Curador do Instituto Dom Hélder Câmara; e Célia Trindade, vice-presidente do Conselho Executivo do Centro Dom Hélder Câmara (Cendhec).

Em seu discurso na abertura da sessão, a vereadora Cida Pedrosa destacou a ação pastoral de dom Helder estimulou reflexões teológicas, mas também incentivou uma teologia da libertação e a construção de uma igreja voltada para os pobres. Ela lembrou, também, que ele foi um nome símbolo da resistência à Ditadura Militar de 1964 e defensor da justiça social. Cida Pedrosa começou o discurso recitando um poema de Dom Hélder, “O Cavalinho Azul”.

“Eu acho que estamos lançando aqui o início do rumo da chegada de dom Helder a Pernambuco. Isso aqui é um ponto de partida. Citei poemas porque ele carregava consigo o choro da poesia, o choro de Deus”, disse Cida Pedrosa. A vereadora falou de sua vida pessoal e afirmou que o arcebispo “foi farol de uma geração inteira”. Depois, citou três momentos em que conviveu com o ele. Em todos, a vereadora atuou como advogada do movimento dos trabalhadores rurais e contou com o apoio do religioso.

Cida Pedrosa afirmou que homenagear dom Helder é falar de amor e justiça, e exaltar o seu legado que reverbera nos dias atuais. “É revisitar nossa história como povo e reafirmar o nosso compromisso para com a democracia. Fizemos esta reunião faltando um ano [para o aniversário de 60 anos], de propósito, para registrar este evento durante todo o ano. Além disso, não podemos esperar, é urgente reafirmamos os princípios democráticos e de justiça e de paz”, afirmou.

Vereadores, vereadoras e convidados se revezaram na tribuna para discursar sobre dom Helder, entre eles o representante de dom Fernando Saburido na solenidade, Antônio Carlos. “É a espiritualidade de dom Helder que explica o seu pastoreio em Olinda e Recife. O humanismo de dom Helder decorre do seguimento a Jesus e ao seu Evangelho. E essa força era a mobilização dos pequenos e dos enfraquecidos”, pontuou.

Biografia

Dom Helder Pessoa Camara nasceu em 7 de fevereiro de 1909, em Fortaleza, no Ceará, onde entrou no Seminário da Prainha de São José com 14 anos. Com 22 anos ordenou-se sacerdote e em 1952 mudou-se para o Rio de Janeiro, onde viveu por 28 anos. Foi também no início dos anos 1950 que dom Helder fundou a CNBB. Em 1964, foi nomeado o sexto arcebispo de Recife e Olinda, pouco antes do Golpe Militar, tornando-se também um símbolo da resistência à ditadura e ao autoritarismo.

Durante toda sua vida, dom Helder se dedicou de forma irmanada à sua fé e aos direitos humanos, sobretudo às pessoas mais carentes, silenciadas e excluídas. No seu período enquanto arcebispo da Igreja em Pernambuco fundou diversos grupos de direitos humanos como a “Comissão de Justiça e Paz”, o “Movimento Encontro de Irmãos” e o “Banco da Providência”, além de atuar junto a outros grupos, movimentos estudantis, operários e ligas comunitárias.

Após escrever um manifesto de apoio à ação católica operária, foi acusado de comunista, sendo proibido de se manifestar publicamente. O reconhecimento do trabalho de dom Helder vai além das fronteiras, durante a ditadura, foi à Paris denunciar as práticas de tortura e a situação dos presos políticos no Brasil.

Dom Helder também recebeu diversos prêmios internacionais, entre eles o Prêmio Martin Luther King, sendo indicado quatro vezes ao Prêmio Nobel da Paz, tornando-se o brasileiro mais vezes indicado à essa honraria. Morreu no Recife no dia 27 de agosto de 1999.

Rumo aos altares

Em maio de 2014, o atual arcebispo de Olinda e Recife, dom Fernando Saburido, solicitou ao Vaticano a autorização para abertura do processo de beatificação e canonização de dom Helder. Em novembro do ano passado, a Santa Sé decretou a validação jurídica de todo o material enviado a Roma.

“Estarei na redação da Positio, documento que futuramente sr[a objeto de estudos das comissões de historiadores, teólogos, bispos e cardeais. E no fim desse processo, ele poderá ser declarado Venerável”, afirmou frei Jociel Gomes, vice-postulador da causa de canonização de dom Helder.

Ainda de acordo com o religioso, não há um prazo determinado para a conclusão desta fase. “Tudo dependerá das agendas no Vaticano, levando em conta a figura grandiosa de dom Helder e os muitos escritos de sua autoria”, explicou o frei.

Contribuições

O andamento do processo de beatificação e canonização não depende só de quem conduz os trâmites burocráticos. Os fiéis têm um papel de suma importância e podem ajudar recitando frequentemente a oração pedindo a intercessão de dom Helder. Além disso, no caso da graça alcançada é preciso informar à Arquidiocese de Olinda e Recife para que a comissão responsável investigue o possível milagre.

Os relatos podem ser enviados pelo e-mail causadedomheldercamara@gmail.com ou por carta para o endereço: Palácio dos Manguinhos – Av. Rui Barbosa, 409, Graças, CEP: 52.011-400 – Recife (PE).

Outra maneira de colaborar com a beatificação de dom Helder é ajudando nas despesas com documentação, viagens e outros custos que o processo exige. Para isso, a Arquidiocese de Olinda e Recife criou uma conta bancária específica (Banco do Brasil, Agência 3108-9, Conta Corrente 37570-5, em nome de AORCANON DOM HELDER).

Fonte: CNBB NE2

Tags:
catolica
Author
Thiago Lima

Thiago de Lima Silva, natural de Salgueiro-PE, tem 31 anos. Iniciou no Rádio aos 17 anos de idade.

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