Araripina: Estudante deficiente visual volta a estudar após 19 anos e sonha em entrar na universidade

Denise Gomes, de 34 anos, é aluna da EJA e agora tem sonhos

Durante passagem pelo Sertão do Estado, especificamente na cidade de Araripina, uma estudante da Rede Estadual chamou a atenção da comitiva da Secretaria de Educação e Esportes (SEE). Denise Gomes, de 34 anos, estudante da modalidade Educação de Jovens e Adultos (EJA) da Escola Moises Bom de Oliveira, emocionou muitos com seu depoimento sobre acessibilidade e inclusão. Deficiente visual, a aluna compartilhou com autoridades, escolas, professores e colegas a sua experiência de ser incluída no processo de ensino e aprendizagem na unidade de ensino sem discriminação. 

Natural do distrito de Morais, a 13km do Centro de Araripina, Denise faz parte de uma família humilde, onde os pais e as duas irmãs são agricultores. Ela parou de estudar aos dez anos de idade, quando perdeu parcialmente a visão. Depois de muitos procedimentos cirúrgicos na tentativa de reverter o quadro de uma doença não diagnosticada pelos médicos, a Denise ficou completamente cega aos 13 anos. Os anos se passaram e a então adolescente não tinha perspectiva de estudar e muito menos de entrar para o mercado de trabalho.

Aos 29 anos, a convite de uma vizinha, Denise viu sua vida se transformar. Ela começou a estudar braille na Escola Moisés Bom de Oliveira, e com um mês voltou para a sala de aula em uma unidade de ensino da rede municipal. Lá, por conta da idade, ela iniciou os estudos na EJA, e em seguida foi transferida de volta para a escola estadual, onde está concluindo o Ensino Médio. A história de Denise reflete a realidade de muitos jovens que não têm oportunidade de concluir a educação básica por falta de recursos e de aplicabilidade de políticas públicas de inclusão. Na Rede Estadual, Denise assiste aula em turma regular, e comemora esse processo de inclusão que mudou a sua vida. 

“Em 2019 eu comprei um celular e o professor que me acompanha me apresentou a função para cegos, que lê os textos e as telas, além de contar com um reglete (instrumento criado para a escrita de braille) em sala de aula. Dessa maneira eu consigo fazer todas as atividades, e não senti dificuldade nos períodos de isolamento nesta pandemia. Voltar para a escola mudou a minha vida porque antes eu não me comunicava com o mundo, e hoje eu consigo sonhar. Quando terminar o Ensino Médio eu pretendo continuar estudando, entrar numa faculdade e seguir carreira na área da comunicação. Antes eu não fazia nada. Não estudava, não trabalhava. E agora eu quero ter uma profissão, quero ajudar o mundo com a comunicação”, frisou a aluna. 

A  Escola Moises Bom de Oliveira dispõe de um professor brailista que auxilia Denise e outro estudante que tem baixa visão. De acordo com Elma Lúcia Gomes, gestora da escola, Denise tem a melhor média da escola e participa de todas as atividades pedagógicas. “Denise é um exemplo de estudante. É a que mais se destaca com as melhores médias e as melhores notas. Ela faz amizade com funcionários, colegas de turma e é muito lindo ver o respeito que todos têm por ela. A gente faz questão de incluí-la não somente na sala de aula, mas em todos os projetos da escola. Ela sonha em entrar numa universidade e eu acredito que ela merece essa oportunidade, pois ela tem muito potencial e capacidade para entrar no mercado de trabalho”, declarou Elma. 

Fonte: SES

Author
Thiago Lima

Thiago de Lima Silva, natural de Salgueiro-PE, tem 31 anos. Iniciou no Rádio aos 17 anos de idade.

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