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Ao longo das últimas semanas, o Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) colocou em prática uma série de ações voltadas ao público masculino como parte da Campanha do Laço Branco – movimento internacional que convoca os homens a assumirem papel ativo no enfrentamento à violência contra a mulher. Conduzida pela Coordenadoria Estadual da Mulher, a iniciativa integrou a programação dos “16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres”, realizados entre 25 de novembro e 10 de dezembro.
As atividades concentraram-se, sobretudo, no dia 9 de dezembro, em prédios do Judiciário do Recife – nos fóruns Desembargador Rodolfo Aureliano, Thomaz de Aquino, Paula Batista e no Palácio da Justiça – com ações de abordagem direta ao público masculino, distribuição de materiais informativos e do bóton símbolo da campanha. E foram encerradas em sessão extraordinária do Tribunal Pleno, realizada nesta segunda-feira (15).
À frente da Coordenadoria Estadual da Mulher, a desembargadora Daisy Andrade destacou que a Campanha do Laço Branco “representa o compromisso dos homens no enfrentamento da violência contra a mulher e a responsabilidade na construção de uma geração cada vez mais atenta à proteção de meninas e mulheres”.
Durante a sessão, a desembargadora também relembrou a origem histórica da campanha, criada no Canadá em 1989, – para, mais tarde, ser oficializada pela ONU em 2001 – após o episódio conhecido como Massacre de Montreal; quando 14 estudantes universitárias foram assassinadas em um ataque motivado por misoginia. Segundo ela, a mobilização internacional surgiu como resposta dos próprios homens à violência extrema, reafirmando que o enfrentamento ao problema exige responsabilização e posicionamento cotidiano e institucional.
Entre as ações desenvolvidas ao longo da campanha, ganhou destaque a “Roda de Conversa sobre não violência contra as mulheres”, promovida pelo Programa Reconstruir – uma iniciativa voltada ao desenvolvimento de intervenções direcionadas a homens autores de violência doméstica. Ao final de novembro, a atividade teve como público funcionários terceirizados que atuam no Fórum Desembargador Rodolfo Aureliano, e reuniu 29 participantes. De acordo com a assistente social Tatiana Craveiro, integrante do programa, o encontro contou com dinâmicas de grupo e debates sobre os diferentes tipos de violência previstos na Lei Maria da Penha – física, psicológica, moral, sexual e patrimonial – além da reflexão sobre comportamentos que sustentam essas violências e sobre estratégias individuais e coletivas para desconstruí-las.
A servidora Isabella Cavalcanti, da Coordenadoria Estadual da Mulher, destacou a receptividade dos participantes e a importância estratégica desse contato. Para ela, o TJPE dá um passo fundamental ao incorporar a discussão sobre masculinidades como eixo central da política de enfrentamento à violência. “Essa é uma diretriz já recomendada pelo Conselho Nacional de Justiça, e o Tribunal sai na frente ao estruturar essa atuação por meio do Programa Reconstruir, que tende a se consolidar como política permanente no Judiciário”, avaliou.
Ao integrar a Campanha do Laço Branco à programação dos 16 Dias de Ativismo, o TJPE reforça que a violência de gênero não se limita à agressão física – abrangendo também dimensões psicológicas, morais, sexuais – e que seu enfrentamento exige transformação cultural, compromisso institucional e participação ativa dos homens. Mais do que um gesto simbólico, o laço branco representa a adesão cotidiana a uma cultura de respeito, igualdade e não violência.