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Perdoem-me os descrentes, mas na Semana da Paixão, não tenho como não falar de Cristo. Mas, mesmo que você não acredite, talvez valha a reflexão. Em tempos líquidos, onde as verdades são relativas e as certezas são vazias, o nome de Jesus é frequentemente citado ou invocado, seja de forma libertária ou fundamentalista. Atualmente, temos Cristos pra todos os gostos, versões que podem ser superficiais, convenientemente moldadas em diversas ideias preconcebidas.
Num mundo de narrativas, a verdadeira essência de seus ensinamentos, tornam-se interpretações distorcidas que circulam por aí, criando um "Jesus Fake" pode nos afastar da verdadeira mensagem de amor, compaixão e justiça que ele proclamou.
O "Jesus Fake" pode se manifestar de várias maneiras. O símbolo de prosperidade material, que promete riquezas e sucesso, sem nenhum compromisso com a transformação espiritual, nem priorização do Reino de Deus. Também temos o caso do deus que é amor, mas também é justiça, pra justificar preconceitos e discriminação, interpretando seletivamente seu apelo à inclusão e ao amor incondicional.
Na cultura popular, nos deparamos com a tradição que nos faz lembrar do Domingo de Ramos, da Sexta da Paixão, do Sábado de Aleluia e do Domingo de Páscoa, onde buscamos simplificar o papel histórico e religioso que Jesus assumiu. Todos esses signos buscam remontar fatos históricos ou até mesmo tradicionais, para lembrar os fiéis que Ele morreu, mas ressuscitou.
Sua ressurreição se apresenta como garantia de renovação e esperança, para que seus filhos tenham uma vida de comunhão com Ele. Mais que isso, essa comunhão traz consigo uma jornada de aprendizado e preparo para a sua segunda vinda. Infelizmente, isso tudo pode ir ficando pelo caminho.
Se você é cristão, mas sua fé está mais preocupada em julgar do que abraçar, seu Jesus é Fake. Se sua fé é exclusivista, pois é a única verdadeira, seu Jesus é Fake. Se sua fé não tolera o crente da outra igreja, porque não é da sua, seu Jesus é Fake. Se seguir a regra, é mais importante do que entender quando ela não está sendo cumprida, seu Jesus é Fake. Lembre-se os fariseus acreditavam que estavam fazendo tudo o que era certo e acabaram crucificando o verdadeiro Cristo.
Agora, se você for ateu, agnóstico ou até mesmo de outra religião, entenda, essas situações que citei ou até mesmo outras que você pode ter vivenciado, lembre-se das palavras de Jesus na cruz: “perdoa‑lhes, pois não sabem o que fazem”, eles podem estar seguindo um “Jesus Fake”.
A vida e os ensinos de Jesus mostram que o amor, o perdão e a compaixão, combinados com a justiça social e humildade, fundamentadas na Fé em Deus, são as diretrizes de uma jornada que poderá nos transformar diariamente, nos tornando mais parecidos com o Jesus autêntico, descartando o Jesus Fake. Que essa Páscoa seja um ajuste em nossa jornada.
Autor: Tiago Silveira Machado
Professor da Universidade de Pernambuco – Campus Salgueiro
Analista da Economia Local (Salgueiro/PE)