Festival de Cultura Popular movimentou Salgueiro-PE por quatro dias

O Tom do Nosso Quintal está em sua segunda edição.

Foram quatro dias memoráveis com oito atrações, cada uma representando um município do sertão central. Entre uma apresentação e outra, os poetas declamadores da Academia de Poetas do Sertão Central surpreenderam o público mostrando que, sim, a chama da poesia inspirada no cordel e na cultura popular está bem acesa com potencial de se tornar um chamariz para Salgueiro e região. Ao mesmo tempo, artesãs e artesãos expuseram seus produtos para a venda, configurando “O Tom” como um espaço de sustentabilidade econômica para os fazedores de cultura.

O Tom do Nosso Quintal está em sua segunda edição e se consolida como o único painel das manifestações artístico-culturais da microrregião do sertão central em sua forma mais representativa possível. Subiram ao palco o Coral de Aboios de Serrita, impressionando o público com o som vocal usado pelo vaqueiro na condução do gado pela caatinga e que tem forte influência do canto gregoriano.

Já o grupo Zumbi Dança Afro e Percussão, formado por jovens de Mirandiba, hipnotizou a plateia com a riqueza de músicas que contam a história de mulheres e homens negros escravizados pelos colonizadores brasileiros, com o riquíssimo detalhe que o município tem 25 quilombos remanescentes. Isso torna o espetáculo um registro cantado, fortalecido pela dança, o bater dos tambores e pelo resgate da estética afro.

A banda de pífanos Alvorada de Santa Rita trouxe um recado para as autoridades: cada vez mais em declínio, pifeiros e artesãos do instrumento de sopro tradicional precisam com urgência serem fomentados, antes que sejam, totalmente, extintos.

Mais do que lazer, as apresentações foram verdadeiras aulas espetáculos, um momento de reencontro com a identidade nordestina. Nesse sentido, a Cia de Dança na Pisada do Sertão Terranovense mostrou de tudo um pouco: caboclinho, coco, maracatu, ciranda e afro. Foi um grande show, um trabalho cercado de muito colorido, diversidade de figurinos e coreografias bem ensaiadas.

As noites eram, sempre, encerradas com sanfoneiros: Edgar do Cedro, Valmir Maracanã (São José do Belmonte) e Luís de Verdejante, quando o público saia das cadeiras para dançar. Soltos, em pares, mulher com mulher, os mais tímidos se mexendo sem sair do lugar. O importante é que todo mundo dançou o pé de serra, xotes, o baião e a mazurca – um repertório que contemplou desde clássicos até as composições mais recentes como o forró das antigas. Vale destacar Antônio da Mutuca e seus oito baixos que têm chamado a atenção dos críticos e estudiosos da sanfona. O pequeno instrumento, também, é conhecido como pé de bode e de difícil execução. Uma raridade, especialmente porque não é mais fabricado. Antônio foi destaque em diversos programas da Rede Globo, entre eles, o Fantástico, Bom dia Brasil, Bom dia Pernambuco e em canais como o Futura e Record.

A técnica em administração, Maria Aparecida Almeida, esteve presente nas quatro noites e não perdeu tempo: forrozou muito e se confraternizou com os amigos: “Obrigada por esse projeto lindo e rico que vocês nos proporcionaram. Foram noites maravilhosas em que a energia de um povo reinou e que só a cultura pode nos dar”. Ela, ainda, completou: “Senti em cada noite, à cada apresentação, o respeito, o cuidado, empatia a cada um que ali chegava”.

A produtora cultural do projeto, Nivaneide Costa, fez um pequeno balanço sobre o trabalho: “Foi gratificante poder realizar essa 2ª edição do Tom do Nosso Quintal. Pude ver que as cerca de 150 pessoas por noite que estiveram presentes apreciaram as manifestações, a cultura popular que é nossa e que pertence à nossa identidade. Elas tiveram a oportunidade de conhecer o que as oito cidades do sertão central têm pra mostrar, cada uma com sua particularidade. Tenho certeza que, no próximo ano, a gente vai proporcionar tudo isso novamente”.

O Tom do Nosso Quintal foi realizado de 27 a 30 de novembro, coordenado por Gustavo Matias, e realizado pela produtora Costa Criações Culturais, com o incentivo do Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura – Funcultura/Fundarpe e Governo do Estado de Pernambuco.

Tags:
salgueiro
Author
Thiago Lima

Thiago de Lima Silva, natural de Salgueiro-PE, tem 31 anos. Iniciou no Rádio aos 17 anos de idade.

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