Startup incubada na IntecVasf investe em plantas da Caatinga para criar cosméticos naturais

A Opara, que integra a Incubadora Tecnológica da Univasf (IntecVasf), utiliza o óleo obtido do licuri para o desenvolvimento de seus produtos.

A rica biodiversidade da Caatinga inspirou um grupo de pesquisadores da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) a criar a Opara Produtos Naturais, uma startup que está desenvolvendo produtos cosméticos a partir de bioativos naturais de plantas da região. A empresa já lançou os primeiros produtos, um kit de óleos para hidratação, nutrição e restauração capilar, e está preparando o lançamento de uma nova linha com produtos odontológicos. A Opara, que integra a Incubadora Tecnológica da Univasf (IntecVasf), utiliza o óleo obtido do licuri para o desenvolvimento de seus produtos.

À frente da startup estão a farmacêutica Fernanda Granja da Silva Oliveira e a bióloga Michelle Cruz Pontes. Com mestrado em Biociências pela Univasf e doutorado em Biotecnologia pela Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), elas atualmente são pós-doutorandas na Univasf. Também integra a equipe da Opara o professor Jackson Guedes, do Colegiado de Farmácia. Criada em 2021, a startup contou com apoio da Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia de Pernambuco (Facepe) para o desenvolvimento da primeira linha de óleos capilares. O kit com três produtos contendo óleo de licuri foi lançado em março de 2024, durante o Startup Day, evento organizado pelo Sebrae Pernambuco, e já está disponível para comercialização pelas redes sociais da Opara.

O professor Jackson Guedes informa que a nova linha de produtos odontológicos, que está em desenvolvimento, será composta por um creme dental, um gel dental e um enxaguante bucal, também contendo o óleo de licuri como ingrediente ativo. Para elaborar os novos produtos, a startup tem o apoio da Facepe, por meio do Edital Nº 8/2024 - Compet Ame: Acelerando Mulheres Empreendedoras. “Todas as formulações dos novos produtos estão prontas. Haverá duas linhas. Uma com produtos destinados a humanos e outra linha para uso em animais”, antecipa Guedes. Será estabelecida uma parceria com a Cooperativa de Produção da Região do Piemonte da Diamantina (Coopes), localizada em Capim Grosso (BA), que deverá fornecer o óleo de licuri. A expectativa é lançar a linha odontológica no início de 2025.

Estas primeiras linhas de cosméticos e produtos para higiene bucal da Opara têm como base a espécie Syagrus coronata, uma palmeira muito presente no semiárido baiano conhecida popularmente como licuri. A amêndoa do licuri, também chamado de catolé, contém um óleo rico em ácidos graxos naturais, o que permite o seu uso em formulações cosméticas. “Decidimos criar a empresa para aproveitar todo o potencial da nossa biodiversidade, sem causar impactos ambientais, e levar para as pessoas produtos naturais, feitos a partir de plantas da nossa região”, conta o docente.

A concepção da Opara surgiu a partir de estudos sobre formulações com extratos vegetais de plantas da Caatinga realizados no âmbito das atividades do Núcleo de Estudos e Pesquisas de Plantas Medicinais (Neplame), coordenado por Guedes, e que contaram a com participação de Fernanda e Michelle durante a pós-graduação. Em setembro de 2023, a Opara passou a fazer parte do Programa de Incubação da IntecVasf, vinculada ao Núcleo de Inovação da Univasf (NIT), da Pró-Reitoria de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação (PRPPGI). Segundo Fernanda Granja, diretora executiva da Opara, isso permitiu à equipe participar de treinamentos de pré-incubação, para entender como transformar ideias em produtos e começar a enxergar a startup como um negócio.

Para ela, a oportunidade de transformar o conhecimento científico em produtos inovadores para a sociedade está sendo muito positiva. “Várias ideias interessantes e muitos conhecimentos são desenvolvidos nas universidades, especialmente nas públicas. Esse conhecimento precisa retornar para a sociedade, na forma de soluções para problemas ou de produtos e serviços que melhorem a vida e o bem-estar das pessoas ou até de outras empresas”, comenta.

Apesar do foco inicial no licuri, os pesquisadores destacam que a Opara já planeja utilizar outras espécies da Caatinga para diversificar seu portifólio. Sabonetes, xampus, hidratantes e uma linha de chás naturais estão entre os produtos que poderão ser lançados pela startup no futuro, sempre com base nas propriedades benéficas proporcionadas pelas plantas da região. Para ter mais informações sobre a Opara, seus produtos e atividades basta acessar o Instagram da startup.

Author
Thiago Lima

Thiago de Lima Silva, natural de Salgueiro-PE, tem 31 anos. Iniciou no Rádio aos 17 anos de idade.

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