Dia do AVC: Em PE, cerca de 80% dos óbitos ocorrem em pessoas a partir dos 60 anos

Neurologista do Hospital Pelópidas Silveira destaca dica simples para identificação rápida de um Acidente Vascular Cerebral

Entre 2020 e 2024, mais de 16,8 mil pessoas morreram em Pernambuco devido a um Acidente Vascular Cerebral (AVC), segundo dados da Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE). Do total de óbitos nesses 5 anos, 51,1% (cerca de 8,6 mil) foram homens. A maior parte das ocorrências nesse período concentra-se em pessoas com 60 anos ou mais, totalizando mais de 13,5 mil mortes, ou seja, 80,5% do total. No Brasil, o AVC é a segunda principal causa de morte, ficando atrás apenas das doenças cardíacas, de acordo com o Ministério da Saúde (MS). 

O AVC acontece quando os vasos sanguíneos que levam sangue ao cérebro entopem (AVC isquêmico) ou se rompem (AVC hemorrágico). Entre os fatores de risco, estão histórico familiar, idade avançada, hipertensão, sobrepeso e diabetes. A rapidez no atendimento médico é fundamental para diagnosticar o tipo de AVC e oferecer o tratamento adequado, prevenindo sequelas graves e morte. 

Para reforçar sinais e sintomas da doença, o Hospital Pelópidas Silveira (HPS) adere às ações do Dia Mundial do AVC (29/10) e destaca dica simples para que o grande público possa ajudar o indivíduo com suspeita de estar sofrendo um AVC. A unidade, que é referência estadual em neurologia e neurocirurgia, é ligada à SES-PE e gerida pela Fundação Gestão Hospitalar Martiniano Fernandes (FGH).

Sinais: O neurologista Luis Felippe Barros, que foi residente da especialidade no Hospital Pelópidas Silveira e, hoje, atua na UTI do serviço, explica que a sigla SAMU (sorriso, abraço, música, urgente) é uma forma simples de explicar à população de como suspeitar de uma ocorrência de AVC: 

  • Sorriso (Boca torta/assimétrica, pela fraqueza provocada no rosto) 
  • Abraço (Dificuldade para levantar um dos braços)  
  • Música (Dificuldade de cantar; fala embolada)  
  • Urgente (Se a pessoa tiver esses sintomas, ligue para o Samu 192)  

“Suspeitou de AVC? Ligue imediatamente para o Samu ou procure atendimento. Quanto mais rápido o paciente for atendido, maiores as chances de sucesso no tratamento”, reforça Luis Felippe. 

Tipos: O AVC isquêmico, responsável por cerca de 80% dos casos, ocorre quando um vaso que leva sangue ao cérebro fica obstruído, não oferecendo oxigênio para uma determinada região. Sem sangue por muito tempo, os neurônios morrem. 

“Precisamos fazer de tudo para abrir esse vaso antes que o neurônio morra. Para isso, usa-se um remédio, chamado trombolítico, para dissolver o coágulo de sangue e abrir os vasos. A gente tem até 4 horas e meia para fazer esse procedimento”, frisa Luis Felippe. O neurologista reforça que esse tempo é estimado a partir da última vez que o paciente foi visto bem. 

Já o AVC hemorrágico ocorre quando há sangramento dentro do cérebro, podendo ocasionar lesões, seja pela compressão provocada na região, seja pela inflamação que o sangue livre pode causar. 

“O tratamento depende do tamanho do sangramento e de onde ele está. Normalmente, precisamos controlar a pressão de uma forma bem intensiva. Em alguns casos, acionamos a equipe de neurocirurgia para avaliar procedimentos que possam resolver a situação”, explica o neurologista. 

Consequências: O AVC pode deixar sequelas motoras (fraqueza ou paralisa em um lado do corpo; dificuldade para andar), na comunicação (dificuldade na fala), sensoriais (formigamento, dor), visuais (perda parcial da visão no lado afetado) e até mesmo cognitivas e emocionais (dificuldade na memória e no raciocínio; depressão, irritabilidade). 

Tratamento: O tratamento após o AVC tem dois pilares: a reabilitação multiprofissional, com médico, fisioterapeuta, fonoaudiólogo; e a prevenção de novos eventos, investigando e tratando a causa. 

“Precisamos entender por que essa pessoa teve um AVC. Ele pode ter acontecido por causa de uma pressão muito alta; por causa de uma placa de gordura nos vasos do pescoço que foi para a cabeça. Se a gente não trata o motivo do AVC, ele pode ter o segundo, o terceiro”, destaca o neurologista Luis Felippe Barros. 

No Hospital Pelópidas Silveira, após o atendimento de urgência e da alta hospitalar, o paciente vítima do AVC continua sendo acompanhado de forma ambulatorial pela equipe médica e multidisciplinar.  

“O cérebro possui uma capacidade extraordinária de se reorganizar e formar novas conexões nervosas, e a fisioterapia, com sua estimulação repetitiva e orientada, é essencial para reeducar este órgão, incentivando áreas saudáveis a assumirem as funções das áreas lesionadas”, afirma a fisioterapeuta Emmanuelle Mendes, que atua no Hospital Pelópidas Silveira desde o primeiro ano de funcionamento do serviço. 

A profissional ratifica que a reabilitação começa ainda durante o internamento. “Os exercícios conduzidos pela fisioterapia ativam a circulação, fortalecem e melhoram a mobilidade das articulações. Além disso, pode ser necessária a fisioterapia respiratória na prevenção de complicações pulmonares, especialmente em pacientes acamados ou com paralisia em um lado do corpo, pois frequentemente apresentam dificuldades para tossir e eliminar secreções, e até mesmo perdem temporariamente a capacidade de respirarem sozinhos”, frisa.  

Após a alta, a fisioterapia será aliada para dar o máximo de autonomia ao paciente. “O fisioterapeuta orienta o paciente e a família acerca de exercícios, posturas, uso de dispositivos para andar e adaptações no ambiente doméstico, favorecendo a continuidade da recuperação em casa. Vale salientar que a fisioterapia não é apenas um tratamento complementar, mas uma intervenção essencial para a recuperação do paciente afetado por um AVC”, finaliza Emmanuelle.

Author
Thiago Lima

Thiago de Lima Silva, natural de Salgueiro-PE, tem 32 anos. Iniciou no Rádio aos 17 anos de idade.

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